Autor: Sara Lima Sousa
Como se sente por regressar aos Açores e sobre levar esta peça de teatro ao Teatro Micaelense?
Estou e estamos (como equipa) todos muito felizes por regressar aos Açores. Já fui em trabalho, mas também em lazer. Estou muito contente por ter a oportunidade de levar este espetáculo, que tem sido um sucesso em todo o país, à maravilhosa ilha de São Miguel. Não só para matar as saudades da ilha, das pessoas, da comida e da paisagem única, mas também de poder usufruir deste espetáculo com o público açoriano.
Agradecemos muito esta oportunidade de voltar a uma terra que todos nós gostamos imenso. É uma honra enorme fazer parte da agenda deste teatro, principalmente por ser nos Açores, uma vez que é bem longe dos grandes centros do nosso país.
É conhecido pela sua versatilidade, tanto na televisão como no teatro. Como equilibra estes dois mundos e qual dos dois o desafia mais?
São formas de linguagem completamente diferentes, mas o que me desafia mais é a oportunidade que tenho de desenvolver o meu trabalho dentro da diversidade. É dentro da diversidade que aprendemos mais e coisas diferentes. Ter a mesma credibilidade e a mesma verdade dentro de todos esses estilos, é o que procuro. Ser aceite por tudo aquilo que faço, é o que quero e o que nós todos procuramos. Ter essa oportunidade é, para mim, um privilégio enorme. E, ao mesmo tempo, ter o carinho do público dentro desta versatilidade é o melhor prémio.
Como perceciona a evolução do teatro e da televisão em Portugal nos últimos anos?
A
pandemia interrompeu todo o curso do trabalho da classe artística, mas a
verdade é que as pessoas não perderam o contacto e querem continuar a
ver os espetáculos. As salas têm estado sempre cheias.
O que nos pode adiantar sobre a peça de teatro em questão e o papel que desempenha nela?
Esta peça surge na sequência dos Monólogos da Vacina, que tenho pena de não ter levado aos Açores. Neste espetáculo, estamos perante uma daquelas comédias clássicas, de enganos e equívocos, onde as situações de gargalhada acontecem através das confusões que as próprias personagens vivem durante o desenrolar da peça.
A minha personagem é o Bernardo, um dos elementos de um casal de personagens que protagoniza a história, que decorre durante um fim de semana numa casa de campo. As coisas correm mal e há que tentar arranjar soluções, mas complicam-se ainda mais. Não posso contar tudo para não desvendar a surpresa.
Já tinha esta peça em mente há mais de 20 anos. Sempre tive vontade de a fazer, mas nunca tive oportunidade de a trazer a palco, até agora. Entretanto, surgiu a hipótese de voltar a trazer um novo espetáculo, produzido pela minha produtora, B Produções, pensei: porque não voltar a esta ideia que eu tinha para um espetáculo de comédia? E a verdade é que já passou um ano desde que começaram os ensaios e continuamos enquanto equipa com muita alegria, a testemunhar que o público se diverte tanto ou mais do que nós.
Como correu o processo de preparação para interpretar esta personagem que é o Bernardo?
A preparação correu bem, mas foi complicado e desafiador, no sentido em que este é um texto, que embora seja de comédia, exige algum rigor, Todas as personagens vivem no meio da confusão e as coisas têm de ter alguma disciplina, uma vez que esta é uma comédia que vive muito à base do ritmo. No fundo, é como se fosse uma orquestra, as coisas têm de estar organizadas.
Não só para tudo isto fazer sentido, como para o público acreditar que aquela situação que estamos a apresentar é verdade.
Essa foi outra dificuldade: dar veracidade às palavras do autor, para que as coisas não só façam sentido, como também serem credíveis para quem está a ver. Quanto mais verdade for transmitida e verdadeiro for tudo aquilo que vivemos em cima do palco, mais o público se diverte e se compromete com aquilo que está a assistir.
Qual espera que seja a receção do público açoriano ao espetáculo “Feliz Aniversário”?
Espero que a receção do público açoriano seja tão boa ou até melhor de como tem sido ao longo destes 10 meses de espetáculo, em que andamos por todo o país, todos os fins de semana, numa localidade diferente. As reações das pessoas têm excedido todas as nossas expectativas. Tenho a certeza que os Açores não vão ficar atrás e vão também divertir-se muito connosco.