Autor: Luís Pedro Silva
Ainda a maioria das pessoas está preocupada com o crescimento dos casos
de Covid-19 e a falta de uma vacina, que deverá começar a chegar no
início do próximo ano, mas a realidade económica e social apresentam um
cenário “negro” para o desenvolvimento da Região.
No programa
“Conversa à Quatro” da rádio Açores/TSF foram apresentados cenários que
preveem grandes dificuldades para as famílias e empresas nos Açores.
“O
decréscimo do PIB é mais do dobro, em relação à última crise financeira
(Troika), por isso temo que nos próximos quatro anos continuemos a
assistir a uma queda do PIB em 2020, com ténues recuperações em 2021 e
2022, podendo chegar ao final de 2023 sem o crescimento económico que
uma política mais liberal vai exigir”, explica o professor universitário
João Teixeira.
As propostas do novo governo regional, como a
redução da tarifa aérea nos voos inter-ilhas ou a redução dos impostos,
podem acabar por ser...adiadas.
“Vamos ter de injetar mais milhões
para resolver o problema da SATA. Vai ser preciso reforçar os apoios
sociais para as famílias que sofram com o desemprego”, sublinhou.
Relativamente
aos apoios da Europa para apoiar a recuperação da economia, João
Teixeira defende que 580 milhões de euros não são suficientes para as
necessidades regionais.
“As pessoas falam num crescimento em V, que significa uma queda e recuperação rápida, mas imagino o V numa perspetiva de uma década. Acho que vamos ter recessão longa. Não estou a ser pessimista, mas chamo a atenção para os partidos que suportam o novo governo”, alertou.
O advogado Elias Pereira apontou que existe
um “quadro muito negro” na economia regional, sendo previsível a
existência de muitas insolvências de empresas e o aumento do desemprego a
curto prazo.
“Existe um quadro económico muito preocupante e negro.
Mesmo querendo ter esperança, a situação vai ser grave. A bazuca está
retardada. Existe um problema social muito grave que o programa do
Governo tem de apontar soluções para haver planos de emergência e
soluções de apoio para os idosos”, indicou o advogado.
O comentador
do programa da TSF/Açores refere existir a necessidade de poupar
recursos na administração pública para baixar a carga fiscal das
empresas e famílias.
“É necessário poupar dinheiro na administração
pública, nos locais onde é muito mal gasto. Podíamos ter uma
administração pública muito mais eficaz e económica. Nunca ninguém faz
contas a esse dinheiro, mas podemos estar a falar de muitos milhões de
euros.