Açoriano Oriental
Crise impede várias famílias de continuar a encomendar doces tradicionais
Várias famílias habituadas a comprar os tradicionais doces de Natal para a noite da consoada vão este ano ter de ficar ao fogão ou com a mesa mais vazia por causa da crise.
Crise impede várias famílias de continuar a encomendar doces tradicionais

Autor: LUSA/AOnline

Sonhos, rabanadas, filhós e azevias não costumam faltar na mesa de Natal da família Cerqueira, de Cascais, mas este ano não será tanta a variedade porque, ao contrário dos anos anteriores, em que os doces vinham todos por encomenda, terá de ser a mãe Natércia a cozinhá-los.

"Não gosto de passar o dia de 24 de dezembro atrás do fogão a cozinhar, mas este ano terá de ser assim. Além do bacalhau, vou ter de fazer também os doces, porque não posso estar a gastar dinheiro a comprá-los", disse à Lusa.

Também Cristina Gomes - que, por desconhecimento, não cozinha os doces típicos e por isso se vê obrigada a comprá-los - está este ano disposta a aprender as receitas para que sonhos e rabanadas não faltem na mesa.

"Costumava comprar os doces porque não os sei fazer, mas este ano não posso dar-me ao luxo de comprar e vou mesmo ter de aprender a receita. Se calhar até vai ser divertido", afirmou.

Na família Santos, residente em Cascais, a presença dos doces na mesa de Natal vai também ser mais reduzida este ano.

"Não vou fazer, porque além de não ter paciência, não sei. Vou comprar uns sonhos e um bolo-rei e está bom. Este ano vai ser uma mesa de Natal mais simples, porque os tempos não estão para grandes gastos", disse.

A contenção das famílias é também sentida nas pastelarias, que este ano, apesar de não terem falta de clientes, notam que se compra em menos quantidade.

"Ao longo do ano não notamos tanto a crise, mas agora nesta altura é que vemos que há muito menos gente a comprar. Este ano quase não vendemos nada de doces de Natal", disse à agência Lusa Marina Ribeiro, da pastelaria Delícia das Beiras, em Fornos de Algodres, no distrito da Guarda.

No mesmo concelho, também Conceição Gomes, que todos os anos faz doces de Natal e vende a pessoas conhecidas, de modo a ganhar mais algum dinheiro, viu diminuir os pedidos.

"Pediram-me para fazer umas filhós e foi só a encomenda que tive. Há cinco anos que tinha sempre encomendas de doces de Natal, mas as pessoas este ano não quiseram gastar dinheiro nisso", contou.

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