Açoriano Oriental
Crime
Criminalidade violenta e organizada chegou para ficar
O director do Observatório de Segurança disse que a criminalidade violenta "chegou para ficar e conquistar terreno" em Portugal, com grande capacidade de organização e qualidade de meios, tal como já acontece no resto da Europa.
Criminalidade violenta e organizada chegou para ficar

Autor: Lusa/AO online
Em Agosto, já foram assaltadas pelo menos quatro postos de gasolina, quatro ourivesarias, três dependências bancárias e uma carrinha de transporte de valores.

    "A criminalidade organizada de qualidade e com profissionalismo está a aumentar. Em termos estatísticos não deve ter reflexos, mas estão a surgir cada vez mais situações", disse o General Garcia Leandro em declarações à agência Lusa.

    Apesar de considerar que a capacidade de reacção da polícia portuguesa melhorou, Garcia Leandro alerta que, tal como acontece noutros países da Europa, o crime organizado e com grande violência é praticado por criminosos bem organizados.

    "A capacidade de organização dos criminosos é mais rápida e potente que a das forças de segurança, em Portugal ou em qualquer país. Estamos a viver uma globalização criminal", referiu.

    Após o assalto à dependência do Banco Espírito Santo, em Campolide, Lisboa, o responsável pelo departamento da Polícia Judiciária (PJ) que investigou o caso disse que a morte de um dos assaltantes poderia ter um efeito dissuasor junto de outros criminosos.

    Em declarações à agência Lusa, o coordenador da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da PJ realçou que o facto de um dos assaltantes ter ficado gravemente ferido e outro ter sido abatido pela polícia "pode, no mundo do crime violento, ter um efeito dissuasor".

    Para Garcia Leandro este foi um aviso importante em termos de reacção das forças de segurança nacionais mas, alertou, há que ter a consciência de que não é possível ter polícias em todos os locais do país.

    "O caso do BES foi importante porque demonstrou que a polícia aparece, reage e resolve o problema", disse.

    Contudo, o director do Observatório Permanente de Segurança considera que, mesmo com este aviso, os criminosos não vão parar de praticar crimes.

    "Há uma dinâmica de malfeitores que é de conquistar terreno e vão fazê-lo", disse, defendendo assim a necessidade de uma organização por parte de toda a sociedade para combater e resistir a esta tendência tal como já o fazem as forças de segurança ao trabalhar em conjunto com as suas congéneres europeias.

    Por outro lado, acrescentou, também as empresas devem começar a ter consciência da necessidade de garantirem a segurança das suas instalações.

    Garcia Leandro referia-se assim aos sucessivos casos de assaltos a gasolineiras, ourivesarias e dependências bancárias e também ao inédito e recente assalto a uma carrinha de valores da Prosegur na Auto-Estrada do Sul, na madrugada de quarta-feira.

    "Este caso da carrinha de valores demonstra a vontade destes movimentos, mas também a falta de segurança. Não é possível aceitar que seja bloqueada por três carros numa auto-estrada. Dão-se todas as possibilidades aos criminosos para actuarem", disse.

    Se as entidades e organizações que podem ser atacadas não tomarem medidas para se protegerem, dificilmente as polícias conseguem fazê-lo sozinhas, adiantou.

    Nos últimos quinze dias, e já depois do assalto ao BES, várias ourivesarias, postos de gasolina e dependências bancárias foram assaltadas, ocorrências que, segundo Garcia Leandro, devem levar estas empresas a repensar os seus sistemas de segurança.

    Segundo os últimos dados do Gabinete Coordenador de Segurança, nos primeiros seis meses do ano, o "carjacking", os assaltos à mão armada a bancos, a postos de combustível e a farmácias dispararam.
PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados