Açoriano Oriental
China maravilha o Mundo com cerimónia mágica
A China encantou o planeta com uma cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos à altura da sua história milenar, plena de magia e estimulantes efeitos visuais vanguardistas que revelaram toda a beleza e criatividade da sua civilização.
China maravilha o Mundo com cerimónia mágica

Autor: Rui Barbosa Batista, Lusa/AO online
As expectativas internacionais eram demasiado elevadas e o mistério em torno do espectáculo adensou ainda mais a curiosidade geral: com evidente orgulho e auto-confiança, os chineses arrasaram no “exame” e produziram um “show” que teve vários momentos de feitiço, de cortar a respiração.

    Foram 14.000 os figurantes (entre os quais 9.000 do exército), que, com harmonia e precisão militar, protagonizaram sucessivas representações, que, durante três horas e meia de ilusão, mostraram ao Mundo toda a essência da cultura de tão rica civilização.

    Cada um dos 91.000 privilegiados espectadores no Estádio Nacional de Pequim - “Ninho do Pássaro”, - sentiu-se certamente arrebatado nas diversas encenações, verdadeiros estímulos à plenitude de todos os cinco sentidos.

    Diz o comité organizador que foram cerca de 4.000 milhões os espectadores em torno do planeta - em 2007 a Terra tinha 6.600 milhões de habitantes -, o que, a confirmar-se, será o espectáculo mais visto na história da humanidade.

    Olhar, audição, tacto, gosto e olfacto, nenhum dos sentidos se pôde queixar do espectáculo idealizado e dirigido por Zhang Yimou, que a todos hipnotizou e deslumbrou, com uma dança de sucessivos eventos que pareciam abraçar corpo e alma: muitos milhares de emocionados olhos brilharam com a mesma intensidade dos inúmeros flashes...

    Todos os santos ajudaram na festa, pois não choveu, como previsto, e o húmido e intenso calor foi mal menor.

    Na prática, a China aliou com mestria surpreendente a sua história e cultura com uma modernidade que coloca o país, com inigualável pujança económica mundial, na rota da vanguarda internacional.

    O “aquecimento” foi feito por 28 grupos oriundos de toda a china, incluindo um de danças de Macau, com muitos portugueses, antecedendo a chegada dos presidentes da China, Hu Jintao, e Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, que só discursaram após o desfile dos atletas.

    De seguida, 2008 mágicos “fou” (o mais antigo instrumento de precursão da China) foram tocados por outros tantos executantes, que cantaram o verso do pensador Confúcio “Amigos vieram de tão longe, como estamos felizes”.

    Mais tarde, 3.000 “discípulos” celebraram outro dos seus pensamentos: “todos os que habitam os quatro mares podem ser considerados irmãos”.

    O caracter “he”, que representa a harmonia e paz, também foi destacado, tal como uma figuração da muralha da China, com 6.700 quilómetros.

    Colossais pegadas de fogo de artifício foram irrompendo nos céus de Pequim desde a praça de Tiananmen até chegarem ao estádio, onde fadas voavam até pousar junto aos cinco anéis olímpicos, que, iluminados na momentânea escuridão, subiram de seguida aos céus.

    Hasteada a bandeira - transportada por 56 crianças oriundas de cada uma das etnias da China -, o espectáculo prosseguiu com um gigante pergaminho onde foram projectadas imagens e concebidas actuações da “brilhante civilização”, com trechos sobre a impressão, escrita, ópera, rota da seda e música.

    A segunda parte, a “era gloriosa”, abordou as estrelas, a natureza e o sonho, com alusões à união universal, justificadas com o facto da humanidade ser uma só família.

    “You and me” (tu e eu) foi o tema oficial de Pequim2008, interpretado pela clássica britânica Sarah Brightman e pelo ídolo pop chinês Liu Huan.

    Foi então altura para as emoções relaxaram com o desfile dos 204 países - estavam previstos 205, mas o Brunei foi excluído à última hora por não apresentar atletas - com Portugal a figurar em 176º lugar, representado por 75 elementos entre atletas e oficiais, exibindo de braços levantados cachecóis do país, sendo Nelson Évora o porta-estandarte.

    A província “rebelde” de Taiwan, Coreia do Norte, Iraque, Rússia e Cuba estiveram entre os mais aplaudidos, enquanto a enorme delegação dos Estados Unidos, perante o seu presidente George Bush, mereceu um misto de aplausos e assobios: a China, obviamente, levou o estádio ao rubro, com Yao Ming com a bandeira, junto a um miúdo de nove anos, sobrevivente do sismo de Sichuan.

    Terminados os breves discursos oficiais e declarados abertos os XXIX Jogos Olímpicos, subiu a bandeira olímpica e registou-se o tão esperado momento do acendimento da pira olímpica.

    O transportador número 21.800, o último, foi o ex-ginasta Li Ning, tricampeão olímpico em 1984, em Los Angeles, que, suspenso por um cabo, foi içado, deu uma volta ao estádio, numa pista virtual, e acendeu a pira... já sábado, em Pequim.

    Um fogo de artifício de brilho e intensidade únicos, disparado de vários pontos da cidade de Pequim, terminou um espectáculo a todos os níveis memorável.
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