Autor: Lusa/AO Online
A inciativa pretende avaliar o estado da população da única ave de rapina diurna que nidifica no arquipélago.
O censo, que tem vindo a ser realizada todos os anos desde 2006, envolve a mobilização de dezenas de voluntários, a quem se pede a recolha de dados sobre os avistamentos destas aves, conhecidas nos Açores como milhafres ou queimados, segundo a SPEA.
Em comunicado, a SPEA lembra que a contagem desta ave, "a mais emblemática nos Açores", será realizada "em percursos pré-definidos, de carro, a pé ou de bicicleta", o que permite cumprir "as indicações de distanciamento para evitar a transmissão do covid-19".
"Esta é uma iniciativa de ciência cidadã, em que os açorianos têm oportunidade de participar num projeto científico que procura conhecer melhor as populações de milhafres dos Açores", lê-se na nota enviada às redações.
A coordenadora do censo nos Açores e técnica de Conservação da SPEA, Alba Villarroya, lembra que, para participar no censo, “não é necessário ter conhecimentos científicos, pois esta ave de rapina é fácil de identificar".
A SPEA apela, por isso, a participação de voluntários nesta ação deste ano, destacando que têm sido "centenas de açorianos" que se têm juntado à contagem ao longo dos anos.
A participação implica uma inscrição através do email [email protected] e pré-definir a sua rota.
Segundo a SPEA, o milhafre (Buteo buteo rothschildi), é a única espécie de rapina diurna que reside e nidifica em todas as ilhas do arquipélago dos Açores, com exceção das Flores e do Corvo.
É facilmente identificado à distância pelo seu voo de batimentos lentos, geralmente planando em círculos, mas também com voos curtos e picados para caçar.
É frequentemente observado em poisos ao longo das estradas, o que torna a sua identificação mais fácil quando encontrada nestes locais.
"A espécie pode ser observada um pouco por todo o lado, em zonas florestais, áreas costeiras, pastagens e até mesmo em zonas urbanas, alimentando-se maioritariamente de roedores, pequenas aves, coelhos, e até dos cadáveres destes animais, o que torna o seu papel na cadeia trófica muito importante, por evitar as doenças que podem surgir da putrefação dos cadáveres", explica a SPEA.
O "envenenamento e a eletrocussão em linhas elétricas" são as principais ameaças que afetam os milhafres, refere a SPEA.
"Ignorar as ameaças a esta espécie é prejudicar um dos símbolos da Região e os ecossistemas dos Açores", alerta ainda.
A SPEA sublinha que estas "são aves magníficas, com um voo de uma beleza singular e que sabem tirar proveito das correntes térmicas para planar".
A 16 de março, a SPEA promove um 'webinar' gratuito sobre esta e outras iniciativas de ciência cidadã na Madeira e nos Açores.