Açoriano Oriental
Casa de Saúde com 300 internamentos por ano devido ao consumo de droga

Segundo João Paulo Vidal, 89% dos utentes internados na Clínica de São João de Deus consomem novas substâncias psicoativas

Casa de Saúde com 300 internamentos por ano devido ao consumo de droga

Autor: Ana Carvalho Melo

Em 2022 e 2023, a Clínica de São João de Deus efetuou 600 internamentos devido ao consumo de drogas ilícitas, sendo que 89% dos utentes internados consomem novas substâncias psicoativas (NSP) e 76% referem-nas como drogas de eleição.

Os dados foram apresentados por João Paulo Vidal, da Casa de Saúde São Miguel, numa intervenção sobre os tratamentos dos consumidores de NSP na Casa de Saúde São Miguel - Clínica de São João de Deus, durante a conferência “Pensar para Agir - As problemáticas sociais resultantes dos novos consumos”.

De acordo com o médico psiquiatra, mais de 90% dos utentes internados na Clínica de São João de Deus são do sexo masculino, com idades concentradas entre os 19 e os 39 anos.

Além disso, 61% das pessoas internadas são solteiras.

Na sua intervenção, João Paulo Vidal revelou que os concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande são os que apresentam o maior número de internamentos, situação que considera estar relacionada com o facto de serem os mais populosos, já que recebem utentes de todos os concelhos de São Miguel.

No entanto, refere que as freguesias de Rabo de Peixe e São Roque são aquelas de onde provém a maioria dos utentes.

Dentro deste perfil, explica ainda que a maioria dos utentes internados por consumo de drogas ilícitas não tem formação além do ensino secundário, sendo que 61% não trabalha há mais de um ano.

Segundo João Paulo Vidal, as novas substâncias psicoativas têm contribuído para uma maior deterioração da saúde dos utentes, dado que se tratam de drogas que provocam “uma compulsão muito marcada”, o que torna muito difícil manter a abstinência após a alta.

“É um desafio muito complexo que necessita de intervenções multissetoriais, não apenas ao nível da saúde”, alerta, realçando que não existe nenhum tratamento específico nem substituto para estas novas substâncias psicoativas, assim como para a cocaína ou as metanfetaminas.

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