Açoriano Oriental
Justiça
Carolina Salgado diz que uma das testemunhas contra si foi espancada
Carolina Salgado entregou ao TIC/Porto cópia de uma segunda queixa apresentada em Espinho pela testemunha de acusação Paulo Lemos, na qual este diz ter sido espancado e ameaçado por dois encapuzados caso não testemunhasse contra ela.

Autor: Lusa/ AO
A defesa de Carolina Salgado disse hoje à agência Lusa estar na posse de novas declarações de Paulo Lemos, uma das testemunhas que acusa a ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, de tentativas de agressão e de incêndio.

    Nestas novas declarações, Paulo Lemos afirma ter sido agredido em Espinho, a 06 de Julho de 2006.

    O advogado de defesa de Carolina Salgado, José Dantas, adiantou à Lusa que esta foi a segunda queixa apresentada, naquele mês, por Paulo Lemos no Tribunal de Espinho, dizendo-se perseguido e ameaçado de morte.

    Na queixa ao Tribunal de Espinho - cuja cópia foi entregue, pela defesa de Carolina Salgado, ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto -, Paulo Lemos diz ter sido perseguido e agredido por dois homens, que o terão ameaçado de novo de espancamentos se não se "portasse bem", testemunhando a favor de Pinto da Costa.

    A eventual agressão terá ocorrido a 08 de Julho de 2006, cerca de 15 dias antes de alegadamente voltar a ser agredido, desta vez no Porto, por um "segurança", que alegadamente o espancou e ameaçou de morte caso não testemunhasse a favor de Pinto da Costa e contra Carolina Salgado.

    Paulo Lemos é uma das testemunhas nas quais o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto se baseou para acusar Carolina de ter tentado agredir o médico Fernando Póvoas e de ter ordenado, em Junho de 2006, que os escritórios do presidente do FC Porto e do advogado Lourenço Pinto fossem incendiados.

    O Ministério Público (MP) acusou Carolina Salgado de tentativa de incêndio, crime punido com prisão de três a dez anos.

    José Dantas vai também pedir a anexação ao processo de outras declarações, em tribunal, da testemunha, dizendo-se "perseguido" pelo motorista de Pinto da Costa, e de uma cassete com declarações à SIC, nas quais Paulo Lemos assume a autoria de pinturas insultuosas feitas na parede da casa onde Carolina Salgado vive, em Vila Nova de Gaia.

    No requerimento, a defesa de Carolina Salgado está a tentar demonstrar que a testemunha de acusação Paulo Lemos não age livremente e pode ter sido coagida por Pinto da Costa a testemunhar contra ela no caso em que é acusada de mandar incendiar os escritórios do presidente do FC Porto e do advogado Lourenço Pinto.

    Carolina Salgado tenta, assim, acentuar que Paulo Lemos, pouco depois dessas ocorrências, terá começado a dizer ter sido ela quem lhe "encomendou" os crimes.

    O advogado de defesa, José Dantas, adiantou à agência Lusa que Paulo Lemos fez também uma denúncia na GNR de Vila Nova de Gaia, em Julho de 2006, na qual diz ter sido perseguido e agredido por um homem, um alegado "segurança" de Pinto da Costa, muito conhecido no Porto, que o espancou e ameaçou de morte e terá dito que o voltaria a fazer caso não testemunhasse a favor de Pinto da Costa e contra Carolina Salgado.

    A outra testemunha que sustenta a acusação contra a ex-companheira de Pinto da Costa, no caso da tentativa de agressão, é Rui Passeira, um homem com cadastro judicial que se encontra em prisão domiciliária e cujas declarações são consideradas, no requerimento da defesa, "sem credibilidade".

    A 01 de Março de 2007, Paulo Lemos declarou que desconhecia se a arguida teve ou não algum envolvimento nos referidos incêndios, mas a 11 de Maio de 2007 "pediu ao DIAP para alterar o seu anterior depoimento confessando que, afinal, tinha sido ele e o Rui Passeira a atear os incêndios a pedido da arguida".

    Além da alegada "falsidade" usada pelas testemunhas - cujas declarações sustentam a acusação na falta de outras provas -, José Dantas sustenta que, no caso da agressão a Fernando Póvoas, Carolina Salgado nunca poderia ser acusada, já que apenas teriam havido "actos preparatórios" que não são puníveis no Código Penal.

    No caso da tentativa de incêndio, cuja acusação se baseia no testemunho exclusivo de Paulo Lemos, Carolina contrapõe que os próprios queixosos, Pinto da Costa e Lourenço Pinto, sustentam, em requerimento entregue no processo, que teria havido um crime de "dano simples".

    Contactado pela Lusa, o advogado de Pinto da Costa, Gil Moreira dos Santos, negou qualquer envolvimento do seu cliente nas alegadas agressões a Paulo Lemos, dizendo que "neste país toda a gente diz o que quer, nem que sejam asneiras".

    "Não sei se o que a testemunha disse, mas o que sei é que há versões diferentes da mesma pessoa sobre o caso", sublinhou, frisando que "o facto de se dizer isto ou aquilo de uma pessoa não quer dizer que seja verdade".

    O jurista avisa que "aqueles que andam a dizer coisas asnáticas terão depois que assumir a responsabilidade daquilo que dizem".
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