Açoriano Oriental
Câmara de Ponta Delgada leva quase 600 idosos a Santa Maria para convívio anual

A Câmara Municipal de Ponta Delgada levou, na sexta-feira, cerca de 600 idosos das 24 freguesias do concelho até à ilha de Santa Maria, no já habitual convívio anual, a que a maioria dos participantes regressa.

Câmara de Ponta Delgada leva quase 600 idosos a Santa Maria para convívio anual

Autor: Lusa/Ao online

Para muitos, o dia começou às 05:00 e só terminaria já perto das 02:00 de sábado. Um dia longo, que arranca com a partida do barco, passavam cerca de 15 minutos das marcadas 08:00, rumo à vizinha Santa Maria.

A grande maioria das quase 600 pessoas que embarcaram no ‘ferry’ que liga as duas ilhas do grupo oriental são já repetentes nestas andanças. A viagem de três horas é uma boa oportunidade para rever amigos de outras freguesias do concelho, com quem se cruzam no passeio anual.

É em passeios como este, organizado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, ou em iniciativas semelhantes, como o programa “Meus Açores, Meus Amores”, do Governo Regional, que muitos dos idosos vão tendo oportunidade de conhecer as outras ilhas.

Foi o que aconteceu com João de Milho Sousa, da freguesia do Livramento, que “nunca tinha passeado em ilhas nenhumas”.

“Eu fui para a tropa e da tropa fui para a Angola, em 1970. Vim de Angola, namorei, casei, e cheguei a dizer “Nosso Senhor não me mate sem ver uma ilha sem ser a nossa”. Estive na Madeira, estive em Lisboa, e das ilhas ‘que é’ nossas, não conheço uma ilha”, contou à Lusa.

Os programas para a terceira idade responderam às suas preces e agora exibe o orgulho de já ter estado nas nove ilhas dos Açores, embora com pena de em algumas delas ter estado só de passagem, como a Terceira e o Faial.

A Santa Maria já foi vezes suficientes para poder fazer comparações: “O ano passado o barco era melhor. Mais sossegado. O mar também estava bom, mas o barco era muito calmo, não mexia nada. Esse mexe uma coisinha. O barco do ano passado era melhor que esse, mas esse anda mais”, disse na viagem de ida, sem saber ainda que a de regresso seria bem mais agreste.

À chegada a Santa Maria, aguardava-os o almoço oferecido pela Câmara de Ponta Delgada, na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santa Maria, onde, feitos os devidos agradecimentos, o edil de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, deixou saber que “amigo não empata amigo” e, como tal, quem tivesse terminado a refeição estava livre para ir conhecer a ilha como melhor entendesse.

Para o efeito, estariam à disposição as carrinhas das juntas de freguesia, que vieram de São Miguel, bem como dois autocarros, novidade deste ano, para quem não tivesse lugar nas carrinhas. Assim, cada grupo de cada freguesia foi à sua vida.

O reencontro ficou marcado para as 20:00, no porto de Vila do Porto, e foi cumprido pontualmente por todos, menos pelo barco, que chegou com uma hora de atraso, tendo partido por volta das 22:30.

Mas não havia problema nenhum, explicou Mariana Cabral, que veio com o grupo de São Roque, apesar de morar no Livramento, para quem o dia não foi nada cansativo. “Para mim tanto faz [o barco] chegar agora ou chegar à meia noite, porque eu não tenho ninguém à minha espera. Vim para passear e estou aqui, estamos todos à espera do barco”, afirmou.

Já visitou a ilha “três ou quatro vezes”, mas gostou, “especialmente” desta vez.

“Gostei do passeio que fomos dar de autocarro. Fomos aos Anjos, passámos por Santa Bárbara, fomos ver as piscinas, a praia, passámos na Almagreira. Das outras vezes fiquei muito maldisposta, mas desta vez nada”, concretizou.

Os longos horários também não são impeditivos para Maria José Ferreira, de São José, que já tinha visitado a ilha várias vezes com o marido, mas esta foi a primeira vez que o casal integrou uma excursão.

Levantaram-se “às 05:30, não é muito cedo”, considerou Maria José, que também não se chateia com chegar a casa a horas tardias. Afinal de contas, “amanhã é sábado”, lembrou José Carlos, o marido de Maria José. “No lugar de levantar às 08:00, levantamo-nos às 09:00. Tudo se faz, não há problema nenhum”, prosseguiu.

Na ilha, viram as zonas balneares de São Lourenço, Praia Formosa e Maia. “Gostamos muito, que eu gosto muito de praia”, afirmou Maria José. Admitiu, no entanto, que não foi a banhos porque não veio “preparada para isso”.

A primeira experiência de uma viagem em grupo agradou ao casal e Maria José garantiu que, “se for viva até lá”, há de repetir.

Já Maria da Estrela Sousa não partilha o entusiasmo da estreante. Ao fim de sete viagens admite que esta seja a última em que participa.

“É uma maneira de nos distrairmos, mas penso que não volto mais, porque é sempre a mesma coisa. A gente acaba de almoçar, vamos cá para baixo sentar, até agora à espera, é uma coisa muito cansativa para pessoas que não são novas e são doentes”, afirmou a idosa, que integrava o grupo do Livramento.

Maria da Estrela lamenta que em todos os anos que lá foi, nunca viu “Santa Maria se não dos bombeiros, vir sempre por aí abaixo, até Vila do Porto”.

Para Manuel de Carvalho, do Pilar da Bretanha, esta foi uma oportunidade de revisitar uma ilha que já não via há 40 anos, um reencontro que resume em breves palavras: “uma terra muito seca, casas muito bonitas, mas está muito mudado”.

Também do Pilar da Bretanha, Maria Eduarda nunca tinha estado noutra ilha e teve a oportunidade de começar pela ilha do Sol, onde visitou Anjos, Almagreira e São Lourenço.

“Gostei muito da viagem de barco e também gostei de correr a ilha. Não é que tenha muito que ver, porque a nossa é muito mais bonita, mas gostei. Foi uma experiência muito boa, mas não sei se vou repetir”, concluiu.



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