Açoriano Oriental
Educação
Bruxelas quer frutas e legumes nas escolas
Á semelhança do que acontece com o leite, o deputado europeu Paulo Casaca defende que também as frutas e legumes sejam distribuídos gratuitamente nas escolas
Bruxelas quer frutas e legumes nas escolas

Autor: Luísa Couto
Actualmente, mais de cinco milhões de crianças sofrem de obesidade e quase 22 milhões têm excesso de peso mas o cenário poderá piorar... É que de acordo com o relatório da Comissão de Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar do Parlamento Europeu, prevê-se que mais  1,3 milhões de crianças passem a ter excesso de peso ou se tornem obesas. E é para contrariar esse cenário que neste momento está a ser debatida no parlamento uma proposta destinada a financiar sistemas de distribuição gratuita de frutas e legumes nos estabelecimentos de ensino.
Por essa razão e para avaliar e preparar terreno para a introdução desta iniciativa comunitária nas ilhas, o eurodeputado Paulo Casaca promoveu ontem, na Fajã de Cima, um jantar/debate sobre o potencial para a agricultura açoriana da pretensão europeia destinada à promoção de frutas e legumes.“A razão de ser deste jantar teve a ver com  a necessidade de alertar  vários agricultores que têm posições importantes em São Miguel no domínio da fruticultura e leguminosas para o que poderá vir a acontecer com a aplicação desta pretensão comunitária”, explica o eurodeputado socialista.
 Paulo Casaca destaca o facto da iniciativa em causa, mais do que uma oportunidade importante para fomentar a inclusão de hábitos alimentares sadios na dieta das crianças - salvaguardando a sua saúde e bem-estar - ser também um veículo privilegiado para relançar o sector agrícola.  “Se conseguirmos ter contratos de longo prazo entre o sector público e entre os horticultores e fruticultores, acho que, a partir daí, estes poderão  lançar-se  em mercados do consumo em geral e em mercados relacionados com o sector turístico”, argumenta o eurodeputado.
Paulo Casaca recorda, por exemplo, que em algumas unidades hoteleiras dos Açores já se oferece, à chegada, aos hóspedes uma cesta com fruta.
“O problema é que quase nunca essas frutas são açorianas e isso é algo que dá logo uma imagem de falta de capacidade da nossa parte para promover os nossos produtos”, lamenta.
De acordo com  o eurodeputado socialista ligado aos Açores, na base deste sistema que poderá ser aprovado ainda este ano, existirão também planos regionais  para a alimentação infantil e para as escolas. Ainda assim, o eurodeputado Paulo Casaca alerta para o facto de  na proposta da Comissão sugerir-se alguma confusão entre  alimentos frescos e alimentos conservados, sendo que os últimos poderão provir da exportação. “Parece difícil eliminar essa possibilidade, contudo, acho que é algo que se poderá remediar com os chamados planos regionais. Até porque será possível defender na base de critérios de saúde que se devem privilegiar os produtos tão frescos quanto possível, em detrimento dos conservados”.


Mais-valias para saúde e agricultura

Há já muitos anos que o orçamento europeu, no quadro da Política Agrícola Comum, comparticipa acções desenvolvidas nos Estados-Membros para distribuir gratuitamente leite nas escolas.
A novidade de é que,  em breve, o mesmo poderá acontecer com a fruta e com os legumes, num cenário que é recebido com grande expectativa pelos produtores agrícolas das ilhas.
Esperançados num aumento de produção motivado pelo incremento da procura, os cerca de 20 horticultores e fruticultores da ilha de São Miguel presentes no jantar de ontem, na Fajã de Cima, não deixaram de expressar o seu contentamento ao deputado europeu, Paulo Casaca.
Para Jorge Martinho, produtor hortícola de Vila Franca do Campo, esta poderá ser uma oportunidade de aumentar de forma sustentada a sua produção, atendendo a que perspectiva o aparecimento de novos focos de escoamento de fruto em fresco.
A mesma convicção é partilhada  por Edgar Melo, um fruticultor da Fajã de Cima, que não esconde a ambição de, através de uma “operação de charme” junto do  sector turístico, colocar o seu mel e o seu maracujá em mercados exteriores à Região. Já Manuel Ledo, produtor da Fajã de Baixo, não obstante as mais-valias económicas, destaca a importância da medida servir ainda para incutir nas camadas mais novas hábitos alimentares mais saudáveis. “Além disso, ninguém melhor do que as crianças para servir de meio de transmissão de hábitos de consumo aos mais velhos”, acrescenta.
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