Açoriano Oriental
Cimeira de Pretória
Brasília, Nova Deli e Pretória debatem energia e comércio
A expansão dos bio-combustíveis no continente africano, as alterações climáticas e as negociações no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC) dominarão a cimeira de quarta-feira em Pretória do Brasil, Índia e África do Sul.

Autor: Lusa/AO
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe de Estado da África do Sul, Thabo Mbeki, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, reúnem-se pela segunda vez no âmbito do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBSA), criado para partilhar experiências entre os três gigantes do hemisfério sul, que estão em níveis semelhantes de desenvolvimento, e para amplificar as exigências no quadro do diálogo com o hemisfério norte.

    Segunda-feira, na capital do Burkina-Faso, Lula da Silva apelou aos dirigentes e empresários africanos para que apostem decididamente nos bio-combustíveis e no etanol como solução para muitos problemas do continente, designadamente a dependência económica e escassez de fontes energéticas.

    Durante a visita a Ougadougou, que antecedeu a participação no IBSA em Pretória, Lula da Silva manifestou a disponibilidade do Brasil para ajudar o continente africano a desenvolver uma forte indústria de etanol e outras fontes biológicas de energia com base na sua experiência na produção de bio-diesel e outros combustíveis derivados da cana de açúcar.

    No Mali um consórcio de entidades públicas e privadas brasileiras e norte-americanas investiu 500 milhões de dólares (353 milhões de euros) no desenvolvimento de jatropha, uma planta utilizada no fabrico de bio-diesel.

    Ao mesmo tempo, o Brasil iniciava no Gana um projecto de investigação conjunta entre cientistas dos dois países em culturas propícias à indústria dos bio-combustíveis.

    Na África do Sul, o diálogo incidirá também na questão da energia nuclear, uma área na qual as três nações desenvolvem projectos de utilização para fins pacíficos.

    Um alto funcionário sul-africano confirmou segunda-feira em Pretória que o país, que possui uma central nuclear e capacidade para enriquecer urânio, aposta decisivamente no desenvolvimento da indústria nuclear com fins pacíficos e prevê construir mais centrais nucleares para resolver necessidades crescentes no campo energético.

    O embaixador Jerry Matjila, director-geral adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-africano, garantiu na ocasião que Pretória colaborará com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) no desenvolvimento do programa nuclear, que ambiciona produzir entre 20 e 40 por cento das necessidades energéticas domésticas em 2025.

    O Brasil e a Índia enviaram a Pretória e a Joanesburgo 180 empresários, que desde segunda-feira participam em workshops com líderes empresariais sul-africanos na elaboração de planos de desenvolvimento conjuntos.

    Seminários dedicados às mulheres, parlamentares e energia decorrem também desde segunda-feira nas duas cidades com a participação de brasileiros, indianos e sul-africanos.

    Os três países - que contam com uma população conjunta de 1,3 mil milhões de pessoas e um PIB (Produto Interno Bruto) combinado de três biliões de dólares - pretendem desenvolver em conjunto uma série de potencialidades nas áreas dos transportes aéreos e marítimos, uma vez que 80 por cento do comércio mundial circula em redor das suas costas.

    Os três têm igualmente ambições comuns na ronda de Doha da OMC, tendo fortes razões de queixa contra os Estados Unidos e a União Europeia sobre a abordagem dos mais ricos às questões de abertura dos mercados às indústrias do norte e acesso aos mercados dos produtos agrícolas produzidos pelos países em desenvolvimento.
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