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Berardo quer que CMVM e Banco de Portugal investiguem alegado perdão de dívidas a filho de Jardim Gonçalves
O empresário Joe Berardo, accionista de referência do BCP, quer que a CMVM e o Banco de Portugal investiguem o alegado perdão da dívida a cinco empresas das quais era sócio o filho do presidente do banco.

Autor: Lusa / Ao online
    Em declarações ao Correio da Manhã (CM), o empresário madeirense defendeu que as entidades supervisoras do mercado de capitais e da banca não têm “outra alternativa” se não avançar com uma investigação sobre o BCP para averiguar da legalidade do processo.

    Em causa está o alegado perdão de dívidas de 12,5 milhões de euros a cinco empresas do Grupo V, do qual era sócio Filipe Jardim Gonçalves, filho de Jorge Jardim Gonçalves, presidente do conselho geral e de supervisão do BCP.

    Joe Berardo, que detém mais de seis por cento do BCP, sustenta que o processo, que remonta a 2004, padece de várias irregularidades.

    "Há uma lei desde 2002 que não permite emprestar dinheiro a familiares e, por outro lado, as empresas não estão falidas", disse o investidor ao CM.

    Joe Berardo reagia assim à notícia do semanário Expresso, que refere que os administradores Filipe Pinhal (hoje presidente executivo do BCP) e Alípio Dias, que conduziram o processo, classificaram as dívidas como incobráveis, dada a situação financeira das empresas.

    Também o semanário Sol noticiou sexta-feira, na sua edição on-line, este assunto, referindo um valor superior da dívida, na ordem dos 15 milhões de euros.

    Em declarações publicadas hoje no Diário de Notícias (DN), Joe Berardo frisou que quer ver "o resultado da actuação das autoridades competentes" e só depois decidirá o que fazer enquanto accionista, reafirmando ainda que no BCP existem "problemas graves".

    “Dizem que é um negócio normal, não é. É uma desgraça”, disse ainda Joe Berardo ao CM, em alusão ao alegado perdão da dívida.

    O investidor madeirense foi ainda mais longe e comentou que a filha de outro administrador, Christopher de Beck, “também tem negócios relacionados com o banco”.

    O empresário também voltou a condenar, em declarações a ambos os jornais, o que considera o despesismo excessivo de Jorge Jardim Gonçalves, como o uso de aviões particulares.

    "O conselho de administração não pode continuar a permitir esta situação de abusos", defendeu Berardo, citado pelo DN.

    Joe Berardo foi um dos principais apoiantes do anterior presidente executivo do BCP, Paulo Teixeira Pinto, e um dos maiores críticos de Jardim Gonçalves na luta pelo poder no maior banco privado português, que culminou com a demissão de Teixeira Pinto e a nomeação de Filipe Pinhal.
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