BE/Açores vai apresentar recomendação para suspender incineradora em São Miguel

O Bloco de Esquerda Açores (BE) anunciou esta sexta-feira que irá apresentar na Assembleia Municipal de Ponta Delgada (AMPD) uma recomendação que visa a suspensão do projeto da construção de uma incineradora na ilha de São Miguel.



"Vamos apresentar uma recomendação, na próxima AMPD, no sentido da suspensão do projeto desta incineradora", avançou, em conferência de imprensa a deputada municipal do BE em Ponta Delgada, Vera Pires.

Acompanhada pelo coordenador do Bloco nos Açores, António Lima, Vera Pires informou que o partido apresentou, em fevereiro de 2018, na Assembleia Municipal de Ponta Delgada, uma "proposta de reavaliação/redimensionamento de construção da central incineradora de São Miguel".

Na altura, a construção da central foi chumbada por PS e PSD com a justificação de que corria uma ação em tribunal e que o "assunto só poderia ser abordado após decisão judicial".

"Desafiamos PS e PSD a repensar todo o projeto: não tendo querido aproveitar o tempo útil disponível enquanto ia decorrendo a ação judicial, estes dois partidos não podem agora prescindir de atuar no sentido de procurar uma alternativa mais sustentável, do ponto de vista do ambiente, mas também do financeiro", prosseguiu a bloquista.

Vera Pires defendeu ainda que, tratando-se do concelho mais populoso da ilha, "Ponta Delgada deve usar a sua voz no seio da Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) para reverter o processo".

Questionada pelos jornalistas sobre qual a alternativa proposta pelo Bloco, tendo em conta que o atual aterro sanitário da ilha está sobrelotado, a bloquista frisou que não defendem a construção de mais um aterro, referindo que há "sistemas alternativos" que "têm funcionado" na região.

"Não estamos a defender mais um aterro. Estamos a protestar, por um lado, por ter-se deixado chegar as coisas a esse ponto e termos agora um aterro que está praticamente inutilizável daqui para a frente, sem que ainda tenham sido pensadas novas soluções. E já há exemplos, em todos os Açores, de sistemas alternativos de triagem e processamento de resíduos que têm funcionado", disse.

Na recomendação que o Bloco irá apresentar na a Assembleia Municipal de Ponta Delgada (que irá decorrer até final do ano), lê-se que, "analisando as taxas de reciclagem nas ilhas com centros de processamento de resíduos, que ultrapassam os 80%" em todas as ilhas, excetuando a Terceira e São Miguel, "comprova-se que taxas de reciclagem muito elevadas são possíveis".

No documento, o BE afirma ainda que "soluções de valorização dos resíduos urbanos biodegradáveis que não a incineração são, por isso, fulcrais e urgentes para reduzir a deposição em aterro".

Em dezembro de 2016, a AMISM decidiu, por unanimidade, avançar com a construção de uma incineradora de resíduos, orçada em mais de 60 milhões de euros.

Depois de várias divergências entre autarcas micaelenses devido ao projeto, o concurso para a construção da incineradora na maior ilha dos Açores esteve sob alçada da justiça devido a queixas por parte de um dos concorrentes, a empresa Termomeccanica, que foi excluída do concurso em detrimento do consórcio luso-alemão formado pelas CME e Steinmüller Babcock Environment.

Em outubro passado, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada decidiu anular a adjudicação da construção de uma incineradora em São Miguel ao consórcio Steinmuller Babcok Environment/CME, por parte da Musami - Operações Municipais do Ambiente, EIM SA.

Na altura, o movimento "Salvar a Ilha", composto por várias associações ambientalistas, congratulou-se com a decisão judicial de anular a adjudicação, pedindo para que o projeto seja "blindado".

No início deste mês, o conselho de ilha de São Miguel, após proposta do presidente da AMISM, José Manuel Bolieiro, avançou que irá sugerir ao Governo Regional que repense o projeto.


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