Autor: Lusa/AO Online
A hipertensão arterial, principal causa de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC) afeta mais de mil milhões de pessoas no mundo e mata cerca de 9,4 milhões por ano.
Os benefícios de diminuir uma pressão arterial elevada já são conhecidos, mas permanece a incerteza quanto às vantagens de tratar as pessoas com pressão sanguínea mais baixa, mas afetadas por outras patologias (renais, diabetes, antecedentes cardíacos, entre outras)
Cada redução de 10 mmHg (milímetro de mercúrio) de pressão arterial sistólica (o primeiro valor, mais elevado, da tensão) reduz o risco de ataque cardíaco em um quinto, o de AVC e insuficiência cardíaca em um quarto, e o de morte em 13%, segundo o estudo que se baseou em 123 ensaios publicados entre 1966 e julho de 2015, relativos a mais de 600 mil pessoas.
Os “resultados mostram claramente que o tratamento da pressão arterial, a fim de a baixar para um nível inferior ao atualmente recomendado, pode reduzir consideravelmente a incidência de doenças cardiovasculares e potencialmente salvar milhões de vidas”, estimou o professor Kazem Rahim, da Universidade de Oxford, responsável pelo estudo publicado na revista médica britânica The Lancet.
“Os nossos resultados apontam para uma recomendação da redução da pressão arterial sistólica para menos de 130 mmHg (13)”, indicam os investigadores, que defendem o tratamento de todos os pacientes em risco de crise cardíaco ou AVC, independentemente da pressão arterial que apresentarem no início do tratamento.
Os cientistas apelam a uma revisão urgente das atuais diretivas sobre pressão arterial, incluindo as emitidas pela Sociedade Europeia de Hipertensão que recentemente aliviou as metas de tensão arterial que se situavam em 130/85 mmHg (correspondentes a 13/8,5 em linguagem corrente), elevando-as para 140/90 (14/9) e até um pouco acima para as pessoas mais idosas.
Segundo a American Heart Association, uma pressão “normal” é inferior a 120/80 e torna-se elevada a partir de 140/90.
“Uma vez que o abaixamento da tensão arterial parece seguro e benéfico para os pacientes, não há qualquer razão para que não se aplique aos que estão em alto risco” de complicações cardiovasculares, considerou Stéphane Laurent, da Université Paris Descartes) num comentário que acompanha o artigo.
Destaca, no entanto, que o estudo não avalia o efeito dos “cocktails” terapêuticos anti-hipertensores, que são cada vez mais prescritos.