Autor: Lusa/AO Online
"Não achei indispensável encontrar-me com eles”, declarou lapidarmente à Lusa Olga Zarubina após a chegada a Moscovo, recusando-se a avançar com mais explicações.
A avó de Alexandra esteve no Porto e em Braga a convite do grupo Pela Alexandra, organização que pede o regresso da menina russa a Portugal, para estudar as propostas feitas por autarcas e homens de negócios portugueses para o regresso da família Zarubina.
Entre as propostas está a oferta de um apartamento pela autarquia portuense e de um café que passaria a ser explorado por Natália, mãe biológica de Alexandra, bem como todo apoio económico à mudança da família Zarubina da Rússia para Portugal.
“Olga Zarubina recusou-se a visitar a casa que João e Florinda Pinheiro alugaram para a família russa viver caso decida vir para Portugal”, revelou à Lusa a cidadã russa que acompanhou a avó na visita e que pediu para manter o anonimato.
“Ela recusou-se também a ir a casa da família Pinheiro, tendo-se cruzado apenas num restaurante de Braga. Mas Olga não recusou a mala, com roupas e prendas, que João e Florinda entregaram para a Alexandra”, acrescentou.
“A viagem foi normal, mas se é bom viver como hóspede, melhor ainda é estar em casa”, começou por dizer a avó de Alexandra, em jeito de balanço, no regresso a Moscovo.
“As propostas que foram feitas são sérias, mas preciso de pensar muito bem. Quando chegar a Pretchistoe [aldeia onde vive a família Zarubina na Rússia], vou aconselhar-me com a família e iremos decidir”, acrescentou.
“Não é fácil mudar de um país para outro. A minha família já tem a experiência dura da mudança do Cazaquistão para a Rússia, quando do fim da União Soviética. Por isso, precisamos de tempo para pensar”, frisou.
Olga Zarubina foi recebida por um representante da Câmara do Porto, que terá prometido conceder todo o apoio possível à família russa se ela decidir residir em Portugal.
“Foi-lhe prometido, além de um apartamento, o rendimento social mínimo, apoio da acção social e acompanhamento de integração para Valéria, a irmã mais velha de Alexandra”, revelou à Lusa uma das participantes no encontro.
Além disso, a avó de Alexandra teve oportunidade de visitar um infantário, tendo notado que “é muito semelhante" aos da Rússia, uma escola secundária de Vila Nova de Gaia, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (Valéria pretende dedicar-se à Arquitectura) e um hospital da cidade.
Em Braga, a avó de Alexandra encontrou-se com algumas mulheres da comunidade russa e ucraniana, que conheciam ou eram amigas de Natália, quando ela vivia na cidade portuguesa.
Antes de partir para Moscovo, Olga Zarubina foi também a alguns supermercados para comparar os preços dos produtos, tendo feito, segundo a mesma fonte, numerosas perguntas aos portugueses que a acompanharam.
Os membros da organização Pela Alexandra aproveitaram a oportunidade para comprar roupas e prendas para a família Zarubina.
A avó de Alexandra tem agora um mês para tomar uma decisão. “Preciso de tempo para pensar, é uma decisão difícil, já tenho alguma idade”, realçou, antes de embarcar no comboio que a levou de Moscovo para Pretchistoe.