Autor: Cátia Carvalho/AO Online
Na última Assembleia Municipal, realizada a 29 de junho,
Álamo Meneses, presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo
(CMAH), revelou que os pedidos de apoios sociais “aumentaram muito”
desde que a pandemia teve início e que os mesmos chegam maioritariamente
“através das juntas de freguesia”.
Durante a reunião, o autarca fez
saber ainda que esses pedidos “são canalizados para as instituições
particulares de solidariedade social” e que “até agora tem sido possível
dar resposta aos apelos que têm surgido”.
Paulo Jorge Silva,
presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, conta
que “a situação está mais controlada porque muitas pessoas já voltaram
ao trabalho”, embora os últimos meses tenham sido “bastante difíceis”. O
responsável pela junta acrescenta que “continuamos a dar produtos
alimentares a quem nos pede, mas são pedidos de pessoas que vivem
sozinhas, como é o caso de alguns repatriados”.
“Durante o
isolamento”, conta Paulo Jorge Silva, “eu próprio cheguei a ir ao multibanco efetuar pagamentos e levantar dinheiro a pedido de algumas
pessoas. Comove-me bastante a forma como confiaram em mim sem me
conhecer. Para além disso, através do projeto Conceição Amiga e com a
ajuda de vários comerciantes locais e alguns particulares, confecionámos
uma média de 80 refeições por dia. Tive de ir buscar um tacho do
império da Conceição para podermos fazer a quantidade de sopa que
precisávamos. Nunca fechámos, estivemos abertos todos os dias, incluindo
sábados e domingos. Atendíamos à janela, às vezes era uma fotocópia,
outra vezes um documento. As pessoas não tinham onde ir nem com quem
falar, a junta era o lugar de referência”.
Para evitar aglomerações no centro de Angra, minimizar os riscos de propagação do vírus Covid-19 e garantir apoio às famílias das freguesias com maior número de habitações sociais, Conceição, São Bento, São Mateus, Santa Luzia e Terra-Chã, a CMAH deslocalizou, temporariamente, os serviços de ação social para as juntas das respetivas freguesias. “A atividade da ação social tem sido muito grande” sublinha Paulo Jorge Silva, “agora as pessoas já tem onde apresentar as suas dificuldades”.
Em São Mateus, freguesia onde surgiu o primeiro caso de transmissão local de Covid-19 da Terceira, os pedidos de apoio continuam a chegar, mas em menor quantidade conforme refere Carlos Martins, presidente da junta: “no início houve um certo alarmismo, mas os pescadores nunca deixaram de ir para o mar. Claro que o fecho dos principais mercados internacionais prejudicou a exportação do peixe mais caro que o mercado local não compra, mas no geral, e em colaboração com a CMAH e com outras instituições, conseguimos dar resposta aos pedidos que surgiram”.
Apesar
da resposta social acionada durante o momento crítico da pandemia
ter-se demonstrado eficaz, Carlos Martins está preocupado com o ritmo da
retoma, “a restauração da freguesia, conhecida na ilha, tem tido pouca
afluência, muito menos do que é habitual. Sei que há empresários que
estão a passar por sérias dificuldades porque as pessoas não aparecem.
De momento estamos a analisar, em conjunto com outras entidades, o que é
que podemos fazer para promover os nossos pratos típicos e atrair
novamente clientes”.
Ao Açoriano Oriental, Jaime Rita, presidente da
delegação regional da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE)
referiu que “apesar dos orçamentos muito limitados, a participação das
juntas foi muito semelhante em todas as freguesias” acrescentando que
“felizmente temos autarcas muito competentes, com boa vontade e sentido
de comunidade e conseguimos ir sempre mais além com a colaboração das
câmaras municipais e do governo regional”. Relativamente à possibilidade
de se voltar novamente a um período de confinamento, Jaime Rita afirma
que “a preocupação continua a ser enorme e que ninguém está preparado
para o que possa vir” embora avance “que ainda é prematuro falar sobre o
futuro”.
Até ao final do mês, conforme publicado na página de facebook da CMAH, os técnicos do apoio social da autarquia continuarão a efetuar atendimento presencial nas juntas de freguesia assinaladas.