Autor: Lusa / AO Online
"Houve uma altura em que não havia interessados e esta arte estava em risco de desaparecer, mas agora as pessoas estão a interessar-se cada vez mais", afirmou Helena Henriques, que trabalha nesta arte há 24 anos e foi a formadora do curso que decorreu, entre abril e junho, no Centro de Artesanato do Capelo.
A produção artesanal em miolo de figueira é um produto certificado ao abrigo da marca 'Artesanato dos Açores' que tem especial expressão no Faial, onde um maior número de artesãos se dedicou a esta técnica.
Para tentar manter viva a tradição, o Centro Regional de Apoio ao Artesanato organizou uma ação de formação específica de técnicas de produção artesanal em miolo de figueira.
Helena Henriques salientou à Lusa que se trata de uma técnica que exige "muita paciência” e minúcia na utilização das ferramentas adequadas para transformar o miolo de figueira em autênticas obras de arte.
Com esse equipamento, constituído por facas e lâminas, e alguma imaginação, as seis novas artesãs realizaram vários trabalhos que podem ser admirados na Horta, numa iniciativa que também pretende mostrar que esta tradição não morreu.
A mostra integra também algumas peças da autoria de Euclides Rosa, doadas ao Museu da Horta por este antigo artesão faialense que é considerado um dos expoentes máximos da arte em miolo de figueira.
As peças integram uma coleção “única no mundo”, iniciada em 1936, que consiste em obras feitas à escala, a maioria das quais sobre a evolução histórica da navegação.
Os investigadores não conseguiram ainda definir com exatidão a altura em que surgiu a arte de trabalhar o miolo de figueira, mas os dados existentes indicam que poderá ter aparecido nos conventos de religiosas que existiam na Horta entre os séculos XVI e XIX.
Com o encerramento destes conventos, em 1834, começaram a surgir alguns artesãos entre a população, mantendo-se desde essa altura a tradição dos trabalhos em miolo de figueira.