Açoriano Oriental
Aqui (nem se vai notar que) Há Gato

Chama-se Yara Pets e é já um protótipo de caixa de areia para gatos que permite aos tutores dos animais fazer a higienização completa da caixa, todos os dias, “sem que tenham de gastar mais de 3 minutos por dia”, garante Dúnio Couto, proprietário da patente deste projeto e um dos sócios da Yara Pets, empresa incubada atualmente no Terinov, Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira.


Autor: Tatiana Ourique / Açoriano Oriental

O projeto YaraPets nasceu no início de 2015, 3 anos depois de Dúnio resgatar uma gata (a Yara) da rua: “foram 3 anos a limpar a caixa de areia todos os dias da forma mais tradicional, ou seja: um tabuleiro e uma pá de recolha de excrementos”.

O técnico de contabilidade e gestão sentiu que tinha de encontrar uma forma mais fácil, rápida e eficiente de fazer a higienização da caixa de areia: “Depois de uma pesquisa exaustiva, das soluções existentes no mercado internacional, da qual não obtive sucesso ou uma solução que me satisfizesse, decidi criar a minha própria solução”.

De uma solução para um problema pessoal, a Yara Pets passou depois a ser uma oportunidade de negócio ao aperceber o alcance que as caixas podiam ter: “primeiro o número de gatos domésticos existentes – a Europa com mais de 74 milhões, os EUA com mais de 94 milhões, Brasil mais de 22 milhões (e estes são apenas alguns exemplos) logo, a probabilidade de haver mais pessoas na mesma situação, era muito grande”.

Dúnio adiantou ao Açoriano Oriental que depressa percebeu ainda não existir nenhum projeto do género com patente registada e, por esse motivo, avançou com o registo da ideia.

Os entraves foram, desde logo, os habituais: falta de recursos financeiros para acatar com as despesas legais desse registo de patente. Contudo, para este terceirense, a necessidade aguçou o engenho: “Eu trabalhava atrás de um balcão, numa empresa de comércio de consumíveis e equipamentos para escritório e embora tivesse mais algumas responsabilidades, o ordenado não era o suficiente para fazer face ao que iria precisar. Peguei nas minhas economias e comecei a investir no projeto. Comprei uma impressora 3D e fiz um protótipo à escala reduzida, mas que conseguia mostrar a funcionalidade do produto que pretendia trazer ao mercado. Como não tinha dinheiro para pagar a um advogado de propriedade industrial, para dar início ao processo de patente, durante 5 meses, todos os dias, estudei propriedade industrial até que consegui por mim mesmo fazer o pedido em Portugal e depois no instituto internacional, o que me fez poupar um valor significativo”.

Feito o registo, era tempo de dar a conhecer o produto: “comecei a participar em concursos, com boas avaliações e prémios monetários, o que foi dando para progredir com o projeto aos poucos. Foi então que consegui o meu primeiro sócio Pedro Cota, que na primeira apresentação acreditou no projeto e principalmente em mim. O projeto foi crescendo, tive a patente dos EUA concedida e recebo um novo investimento, desta vez pela Portugal Ventures, através do Fundo Regional Azores Ventures, momento no qual entraram também como sócios a Elisa Fernandes e o Fábio Matos”.

Neste momento o projeto já tem também uma candidatura aos incentivos regionais aprovada, no âmbito do Competir+, e as patentes da Europa e Rússia concedidas e está agora a aguardar as respostas dos institutos do Brasil e do Japão.

“Terminámos agora a fase desenvolvimento, falta acertar um pormenor ou outro, mas coisa pouca. A seguir - e antes da fase mais importante do projeto que é a de produção- vem a execução dos moldes, em aço, que nos exige um esforço financeiro muito relevante”, adiantou Dúnio Couto que espera conseguir arrancar com duas campanhas de crowdfunding para produzir as caixas Yara Pets: “Através de parceiros e investidores conseguimos, felizmente, a capitalização do projeto até esta fase e para as iminentes. Mas subsistem ainda algumas necessidades financeiras. Pretendemos, por isso, lançar duas campanhas de crowdfunding. Uma apenas para Portugal e uma a nível internacional. O nosso target é, claramente, internacional, mas não poderíamos nunca descurar o mercado nacional. Infelizmente, em Portugal, existe um poder de compra muito inferior aos principais países alvo e por isso decidimos criar uma campanha só para o mercado nacional, permitindo juntar ao objetivo de capitalização da empresa, a oportunidade dos portugueses adquirirem o produto a um preço mais acessível (cerca de 50% do valor final)”.

Dúnio concretiza ainda em que consiste esta caixa que promete ser “Uma Nova Experiência no Cuidado dos seus Animais Domésticos”: “o tutor do gato faz rodar o cilindro interno e mecanicamente é feita a separação da areia limpa dos excrementos e das areias aglomeradas (urinas). Os excrementos vão para uma gaveta, que basta remover e colocar fora. Com a rotação, a bandeja de areia –onde ficam retidos os restos de urina no fundo –, fica livre de areia, e pode ser removida do sistema como uma gaveta, podendo ser facilmente lavada e desinfetada. Depois é só voltar a colocar no sistema, rodar o cilindro no sentido contrário e a areia limpa volta a ser depositada na bandeja para voltar a ser usada pelo gato”, um processo que, garante, demora no máximo 3 minutos.


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