APIR receia que serviço de hemodiálise fique para trás na reformulação do HDES

Presidente da Delegação Regional dos Açores da APIR (Associação Portuguesa de Insuficientes Renais) aponta a contínua degradação do serviço e já pediu uma audiência com o Presidente do Governo Regional dos Açores



A Delegação Regional dos Açores da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) está receosa que a reformulação prevista para o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, deixe para trás o Serviço de Hemodiálise. Em entrevista ao Açoriano Oriental, o presidente da delegação, Osório Silva, fala de uma unidade em contínua degradação  e que não será resolvida sem vontade política. A APIR Açores enviou no início do ano um pedido de audiência com o Presidente do Governo Regional dos Açores para expor situação.

“O quadro atual é que cada dia que passa, continua igual, para pior. Há quase três anos que a APIR tem vindo a alertar as entidades competentes, desde logo o conselho de administração do HDES, bem como o próprio Governo Regional, para a degradação do serviço”, afirma.

As condições atuais já não dão resposta condigna aos 120 doentes da ilha de São Miguel que necessitam deste serviço, com Osório Silva espelhando a degradação com o que se passou em novembro passado: “Chegou a chover no seu interior, em cima de doentes que estavam a fazer o seu tratamento, com todos os transtornos que isso trouxe, com a mudança das máquinas, das macas, um transtorno para o utente, para a equipa de enfermagem”.

Para o presidente da APIR Açores, apesar dos anúnciospúblicos de projetos e obras de manutenção, feitospelos anteriores conselhos deadministração do HDES, “na prática nada foi feito”. 

“Hoje, o que encontramos é que não existe plano para obras. E, pelo que tivemos oportunidade de ouvir, após audiência com o atual conselho de administração, no passado mês de dezembro, é que não há uma decisão tomada sobre o que fazer: se construir uma nova unidade de hemodiálise adjacente ao hospital, ou privatizar este serviço. Apesar de que, mesmo que venha ser privatizado, o Governo Regional tem de manter a unidade a funcionar sempre dentro do HDES, pois há doentes com situações clínicas que só podem fazer hemodiálise numa unidade hospitalar”, acrescenta.

Razões pelas quais Osório Silva quer ser ouvido pelo Presidente do Governo Regional, recordando que “há mais de um ano ele assumiu o seu empenho na resolução deste problema, mas este empenho até hoje não resultou em nada”.

Mas mais do que a recorrente inação política, a delegação açoriana da APIR mostra-se ansiosa e receosa com a anunciada requalificação do HDES, pois até ao momento, a informação que chega à associação é que “nada está para o Serviço de Hemodiálise. O que é deveras preocupante se assim for, atendendo que todos sabem o que se passou com o incêndio do HDES - os doentes da hemodiálise foram os mais sacrificados, pois tiveram de abandonar as suas habitações, as suas famílias, sair da sua ilha para poder continuar a ter acesso ao tratamento, com utentes deslocados no Faial, Terceira, Funchal. Ou seja, têm sido os doentes mais sacrificados”.

A APIR quer aguardar pela publicação dos documentos, para apreciar com maior precisão o que está previsto, mas avisa para o que pode ser uma “oportunidade perdida”.

“Quando se fala do plano de funcionalidade integrada do hospital, tinha que estar previsto uma decisão clínica e política relativamente a este serviço de hemodiálise, atendendo à dimensão do espaço e às condições estruturais que a unidade tem”.

E na sua opinião, a solução passa por construir “uma nova unidade, adjacente ao hospital, pública e em que, por sua vez, a existente teria de ser remodelada e ficaria com um número de doentes mais reduzido. Essa é a nossa convicção, mas ainda não tivemos oportunidade de transmiti-la, diretamente, ao Presidente do Governo”.

PUB

Premium

O processo que investigou fraude no Serviço Regional de Saúde passou de 16 arguidos e 55 crimes para oito arguidos e 18 crimes, um número que pode baixar para seis arguidos se o Ministério Público aceitar a suspensão provisória do processo, proposto pelo juiz de instrução, ontem, durante a leitura da decisão instrutória.