Alto-comissário para Refugiados lamenta não ter feito mais para combater populismos

O alto-comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, lamentou, na sua última conferência de imprensa no cargo, não ter feito mais para combater os populismos e convencer os países da importância das políticas de acolhimento



"Ainda acho muito difícil apresentar um argumento convincente sobre os refugiados, porque temos de confrontar um discurso muito negativo (...) utilizado pelos políticos populistas de direita", sublinhou Grandi, que vai deixar o cargo no dia 01 de janeiro, depois de dez anos à frente do ACNUR.

O alto-comissário italiano saudou que a mensagem inicial sobre a importância do acolhimento de refugiados teve repercussões positivas nos debates europeus, mas admitiu que talvez devesse e pudesse ter feito mais.

"É fácil dizer: 'São perigosos, ameaçam os nossos valores, a nossa segurança, os nossos empregos'. É muito mais difícil explicar porque é importante manter as portas abertas, mas geri-las com cuidado", observou.

Grandi salientou que fechar fronteiras, rejeitar refugiados, não os resgatar no mar e promulgar leis que impeçam o seu reconhecimento não resolvem o problema.

"Não é apenas um erro de princípio, é um erro estratégico", advertiu.

O responsável do ACNUR instou os estados a gerirem melhor a questão da migração, porque "a Europa precisa especialmente de mão de obra, e precisa de jovens".

Grandi referiu também que canais de migração mais claros e mais abrangentes aliviariam a pressão sobre o asilo e preservariam “uma ferramenta indispensável para as pessoas que estão realmente a fugir por razões de sobrevivência".

Após dez anos na liderança do ACNUR, Grandi apontou ainda a "degradação da unidade e a imprevisibilidade das relações de poder" no contexto atual como um dos maiores desafios que o seu sucessor irá enfrentar.


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