Autor: Lusa/AO online
O trânsito foi cortado em dois pontos da rua de São Bento antes de chegar ao local da concentração e o ambiente é calmo, mas já se ouvem palavras de ordem tais como "O povo unido jamais será vencido" ou "Tá na hora, tá na hora de o Governo se ir embora".
Começam a levantar-se algumas faixas de protesto contra o Governo, que já se têm visto em outras manifestações nas últimas semanas.
Ao local continuam a chegar pessoas e o protesto subiu de tom. Alguns manifestantes trouxeram tambores que ainda não se fizeram ouvir e muitos ostentam cartazes feitos em casa e alguns acenam bandeiras negras.
Na escadaria e em frente ao Parlamento estão colocados algumas dezenas de agentes do Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública que vigiam o desenrolar dos acontecimentos.
"Para mim acho que isto é demais", disse à Lusa Acácio Augusto Marques, observando o contingente policial. Este soldador reformado afirmou ter "descontado 40 anos para receber agora uma reforma de 280 euros".
Descontente com o estado do país, vaticina que "isto tem que rebentar por algum lado", acrescentando que se dirigiu ao Parlamento onde hoje foi entregue o Orçamento de Estado "pela primeira vez em 60 anos".
"É a primeira vez que entro numa coisa destas. Antes só tinha visto na televisão", declarou, referindo que espera que seja um protesto pacífico e defendendo que "é preciso é compreensão de parte a parte".
Ana, uma odontologista veio até São Bento como "forma de pressão e demonstrar indignação", argumentando que "os portugueses estão a pagar muito mais do que podem".
Em declarações à Lusa referiu que "a divida tem de ser renegociada e o tempo para a pagar alargado". Ana defende que "o Governo tem de recuar ou então tem que haver eleições antecipadas, se tiver que ser".
Acrescentou que é preciso os portugueses fazerem "um apelo a unidade nacional", frisando que "radicalizações não levam a lado nenhum".
"Centro, esquerda e direita, somos todos precisos", defendeu, notando que está "um bocado cansada dos partidos".
O Governo entregou hoje na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado de 2013, que prevê um aumento dos impostos, incluindo uma sobretaxa de 4% em sede de IRS.
O orçamento é votado na generalidade no final dos dois dias de debate, 30 e 31 de outubro.
A votação final está agendada para 27 de novembro no parlamento.