Autor: AO Online/ Lusa
"O anúncio de um cessar-fogo [pelos talibãs], uma redução da violência e a troca de prisioneiros prepararam o terreno para um bom começo" do diálogo com vista a definir o futuro do país, declarou Abdullah numa conferência de imprensa citada pela agência France-Presse.
Abdullah Abdullah, que dirige um conselho encarregado das negociações criado por Cabul, precisou que um novo cessar-fogo deverá ser cumprido durante as negociações.
O cessar-fogo de três dias, iniciado pelos insurgentes, que ocorreu durante as festas do Eid-al-Fitr (fim do jejum do Ramadão) terminou na terça-feira, e não foi prolongado pelos talibãs, que desde então operaram ataques mortíferos contra as forças afegãs, mas a níveis mais baixos do que o habitual.
Cabul respondeu ao anúncio da trégua pelos insurgentes libertando 900 prisioneiros talibãs.
A troca de 5.000 prisioneiros insurgentes contra 1.000 membros das forças afegãs é um pré-requisito dos talibãs antes da abertura do diálogo inter-afegão, que deveria ter tido início em 10 de março, mas foi adiado.
Abdullah Abdullah foi o segundo classificado das eleições presidenciais de setembro de 2019, manchadas por acusações de fraude, mas declarou-se vencedor.
O responsável foi nomeado líder de um conselho responsável pelas negociações de paz dentro de um acordo que visou resolver a disputa com o seu rival nas eleições, o presidente afegão Ashraf Ghani.
Segundo Matin Bek, membro da equipa de negociações do governo, a tomada de funções de Abdullah é um passo em frente.
"Fomos acusados de não estar unidos, mas agora estamos", declarou à agência France Presse, precisando que a equipa se reúne todas as semanas.
A abertura das negociações faz parte das condições inscritas no acordo assinado em fevereiro entre os insurgentes e Washington, com vista à retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão em 14 meses.
"Devido aos eventos recentes, esperamos que o processo possa começar durante o mês de junho", acrescentou Matin Bek.