Açores vão substituir Estrutura de Missão para o Espaço por direção regional

O Governo dos Açores anunciou a substituição da Estrutura de Missão para o Espaço por uma direção regional e prometeu que o Centro Tecnológico Espacial de Santa Maria vai ser uma “realidade” até 2027



“A EMA [Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço] irá ter uma entidade que irá substituí-la. Essa entidade é uma direção regional. Vamos ter um núcleo forte no âmbito do governo para defender os interesses dos Açores”, afirmou o secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades.

Paulo Estêvão, que falava na comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Regional a propósito das demissões dos ex-responsáveis pela EMA-Espaço, revelou que a estrutura vai “encerrar a sua atuação assim que for criada a direção” regional, sem detalhar prazos.

Paulo Estêvão rejeitou as acusações lançadas pelo anterior coordenador da EMA-Espaço, Paulo Quental, que justificou a demissão com a redução de investimento, falta de “estratégia clara” e “vetos de gaveta”.

“Em nada se perdeu a dinâmica. Não impedimos a realização de qualquer parceria nacional ou internacional, não impedimos que o senhor engenheiro Paulo Quental as realizasse. Isso é absolutamente falso”, vincou.

Estêvão sinalizou, também, que existem várias áreas afetadas com a redução de verbas devido ao "esforço muito grande" para concluir a execução do Plano de Recuperação e Resiliência.

O secretário regional acusou Quental de querer “decapitar a capacidade autonómica da região no Espaço”, por o antigo coordenador defender a criação de um conselho consultivo para substituir a estrutura de missão.

“Não faz falta nenhuma com este tipo de visão estratégica para os Açores. É uma visão de acabar com a autonomia dos Açores nesta área”, atirou.

O secretário regional criticou a “falta de maturidade” de Paulo Quental por não ter deixado um “dossiê de transição” e condenou o “grau de irresponsabilidade” e o “comportamento absolutamente imaturo” do ex-coordenador durante o processo de demissão.

“Não se sentiria bem numa entidade com o músculo que queremos criar”, afirmou Estêvão, referindo-se a Quental e à futura direção regional.

O governante prometeu, também, que o Centro Tecnológico Espacial de Santa Maria será uma “realidade que se vai concretizar em 2026 e 2027”.

“Vai ser construído o Centro Tecnológico Espacial de Santa Maria. É um investimento global de 15 milhões de euros. Três milhões desses 15, em 2027, são responsabilidade do Governo Regional”, disse.

Lembrando quem em 2026 deverão ser lançados os primeiros satélites suborbitais a partir da ilha, o secretário regional destacou a importância de Santa Maria receber a aterragem do 'Space Rider', o vaivém espacial da Agência Espacial Europeia (ESA).

“Vamos ficar com uma zona de retorno dos veículos espaciais europeus. Não só este, o ‘Space Rider’, que está previsto para 2027, como todos os restantes. Já temos quatro interessados”, adiantou.

Já em novembro de 2024, Paulo Estêvão tinha realçado que o Plano de Investimento para 2025 previa suportar o Centro Tecnológico Espacial, um "investimento superior a 12 milhões de euros".

A 19 de dezembro de 2022, o então coordenador da EMA-Espaço prometeu que o Centro Tecnológico Espacial iria arrancar no primeiro semestre de 2023.

Na terça-feira, ouvido na mesma comissão, Paulo Quental, que coordenou a EMA-Espaço de 2022 a outubro de 2025, denunciou a “perda de autonomia técnica”, a “falta de disponibilidade” de Paulo Estêvão e “constrangimentos” ao “estabelecimento de relações institucionais essenciais ao desenvolvimento do setor na região”.


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