Autor: AO Online/ Lusa
A última vez que um Presidente norte-americano decidiu não participar na tomada de posse do seu sucessor ocorreu em 1869, quando Andrew Johnson não esteve presente na investidura de Ulysses Grant, assinala hoje a agência Efe.
A decisão anunciada hoje por Trump torna-o no quarto chefe de Estado do país norte-americano a fazê-lo, depois de John Adams (Presidente entre 1797-1801), John Quincy Adams (1825-1829) e o já mencionado Andrew Johnson (1865-1869).
Trump defende que a eleição presidencial de novembro foi “roubada” pelo partido Democrata, uma teoria que mantém até hoje.
O atual chefe de Estado, que foi empossado em 20 de janeiro de 2017, reconheceu apenas a sua derrota frente a Biden na noite de quinta-feira, numa mensagem em que condenou os seus apoiantes pela invasão ao Congresso, na quarta-feira, da qual tem sido responsabilizado.
Durante os últimos dois meses, desde que os resultados começaram a ser anunciados, o ainda Presidente dos EUA denunciou irregularidades eleitorais e alegou fraudes, que não conseguiu sustentar.
Trump e a sua equipa apresentaram dezenas de recursos que foram indeferidos pelos tribunais norte-americanos nos últimos meses.
Segundo o jornal The Washington Post, Johnson decidiu não estar presente na cerimónia do seu sucessor “ao último minuto” devido a uma má relação entre os dois.
Os dois presidentes tiveram várias disputas durante a liderança de Johnson, um democrata que substituiu o republicano Abraham Lincoln (1861-1865) depois de este ter sido assassinado.
Segundo o “Post”, as opiniões racistas” de Johnson ofenderam Grant, que então liderava o Exército norte-americano.
Tal como Trump, Johnson esteve perto de ser expulso pelo Congresso, mas o Senado afastou a iniciativa tomada pela Câmara dos Representantes em fevereiro de 1868.
Os ex-presidentes Adams, pai e filho, também não assistiram às investiduras dos seus sucessores quando foram substituídos, respetivamente, por Thomas Jefferson (1801-1809) e Andrew Jackson (1829-1837).
Durante o dia de hoje, o historiador Thomas Balcerski afirmou, na estação televisiva CNN, que as decisões não foram controversas e que estes preferiram não participar para acalmar os ânimos na capital norte-americana.
O candidato democrata Joe Biden vai ser empossado como Presidente dos Estados unidos a 20 deste mês, depois de ter vencido as eleições de 03 de novembro de 2020.
A cerimónia deverá contar todos os antigos chefes de Estado do país, com a exceção de Jimmy Carter (1977-1981), 96 anos, que não comparecerá devido à sua condição de saúde e à pandemia de covid-19.
Bill Clinton (1993-2001), George W. Bush (2001-2009) e Barack Obama (2009-2017) deverão marcar presença na cerimónia que irá tornar Biden no 46.º Presidente da história dos Estados Unidos.
O Congresso ratificou na quinta-feira a vitória de Joe Biden, na última etapa antes de ser empossado, numa sessão iniciada na quarta-feira e que teve de ser interrompida após a invasão do Capitólio por parte de apoiantes de Trump e que resultou na morte de cinco pessoas.
O recurso à 25.ª Emenda da Constituição para afastar Donald Trump da Casa Branca, acusado de incitar os apoiantes à invasão do Capitólio, está a ser defendido por numerosas vozes nos EUA, nomeadamente pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
Os líderes democratas querem que o vice-presidente Mike Pence afaste desta forma Trump, assumindo a presidência interina, para impedir o Presidente cessante de atuar nas duas últimas semanas do mandato.