Açoriano Oriental
SATA prevê gastar mais 7,4 ME com aluguer de aviões

Em resposta a um requerimento do PS, o Governo Regional revelou que o Grupo SATA prevê gastar este ano mais 7,4 milhões de euros (ME) com o aluguer de aviões em regime ACMI, num aumento de 38% face aos custos da Azores Airlines e da SATAAir Açores em 2023

SATA prevê gastar mais 7,4 ME com aluguer de aviões

Autor: Rui Jorge Cabral

O Grupo SATA prevê gastar este ano 27,1 milhões de euros  com o aluguer de aviões em regime ACMI, que inclui os custos com a tripulação, manutenção e seguros.

Os dados revelados pelo Governo Regional em resposta a um requerimento dos deputados do PS/Açores na Assembleia Regional mostra que os custos estimados para este ano com o aluguer de aviões pela Azores Airlines e pela SATA Air Açores superam em 38% e em 7,4 milhões de euros os custos realizados com os ACMI no Grupo SATA em 2023, que foi de 19,7 milhões de euros.

Os dados fornecidos pelo Governo Regional revelam igualmente os custos com o aluguer de aviões desde 2021, no caso da Azores Airlines e desde 2022, no caso da SATA Air Açores. E esses valores revelam que a Azores Airlines prevê gastar só este ano 25,3 milhões de euros com o aluguer de aviões, um valor que quase atinge a soma dos três anos anteriores, que foi de 26 milhões de euros.

No caso da SATA Air Açores, a estimativa de 1,8 milhões de euros a gastar este ano com o aluguer de aviões quase triplica os gastos de 638 mil euros  realizados com o aluguer de aviões nos anos de 2022 e 2023.

Nestes valores estão incluídos os ACMI realizados entre empresas do Grupo SATA, revela o Governo Regional, pelo que há uma parte não discriminada deste dinheiro que ficou no Grupo SATA e não foi para fora da Região.

Refira-se que já quando no passado mês de  setembro o Grupo SATA revelou um resultado líquido negativo nos primeiros seis meses deste ano de 45 milhões de euros, sobretudo devido ao agravamento dos prejuízos da Azores Airlines, já nessa altura era referido que os ACMI em resultado de várias situações imprevistas tinham contribuído para este prejuízo.

Os dados revelados pelo Governo Regional mostram igualmente a repartição dos gastos com ACMI pelos vários meses do ano, o que permite verificar que enquanto a SATA Air Açores costuma recorrer ao aluguer de aviões normalmente apenas no pico do verão - julho e agosto - e no pico do inverno, em fevereiro, já a Azores Airlines recorre ao ACMI com regularidade durante o ano inteiro. 

Este recurso ao ACMI durante todos os meses do ano parece indicar que a companhia não consegue manter a sua operação programada e fazer face às irregularidades com o mau tempo, às manutenções, às avarias e aos incidentes sem o recurso permanente e não pontual ao aluguer de aviões.

Refira-se que no caso da Azores Airlines, regista-se um grande aumento dos custos com o aluguer de aviões a partir de 2023, precisamente o “melhor ano de sempre em receitas”, conforme revelou na altura o Grupo SATA,  num ano em que o número de passageiros transportados aumentou mais de 33%  e o número de voos realizados também subiu 17% face a 2022.

No caso da SATA Air Açores, há um grande aumento dos gastos com o aluguer de aviões este ano, sendo neste caso de recordar que em junho deste ano a companhia que faz as ligações interilhas chegou a ter mais de metade da sua frota inoperacional, por várias situações previstas e imprevistas, que incluíram até um raio que atingiu um dos aviões.
No texto do requerimento, os deputados do PS lembram que o Plano de Reestruturação do Grupo SATA acordado com a Comissão Europeia estabelecia a limitação dos ACMI “como condição para uma gestão eficiente e contenção de gastos”  que, no entender dos socialistas açorianos, “não está a ser cumprida”. Os socialistas referem ainda que o aluguer de aviões  pode ter um “impacto significativo nas contas do Grupo SATA”, além de indiciar “possíveis falhas no planeamento e na gestão da frota”. 

Refira-se, por fim, que os deputados do PS pediram cópias dos contratos ACMI realizados pelo Grupo SATA desde 2021, bem como estudos de rentabilidade das rotas servidas pelos aviões alugados, documentos que o Governo Regional não forneceu, justificando que “os documentos contratuais têm caráter confidencial”, revelando preços, condições de pagamentos e identificações pessoais, “que ficam ao abrigo do segredo comercial, assim como da Lei de Proteção de Dados”, além de poderem ferir o “princípio da concorrência”, uma vez que a SATA atua em condições de mercado.

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