Açoriano Oriental
Revisão constitiucional "não tem como não dar asneira"

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou recear que o processo de revisão constitucional em curso vá dar “asneira”, defendendo que o que é preciso é cumprir a Lei Fundamental.

Revisão constitiucional "não tem como não dar asneira"

Autor: Sónia Ferreira/André Campos Ferrão/usa/AO Online

“O que todos deviam fazer era a exigência da concretização do texto fundamental e não embarcar numa aventura que vai dar asneira. Desculpem antecipar um processo, mas não tem como não dar asneira”, considerou.

Questionado sobre o que o leva a recear que o processo corra mal, Raimundo sustentou: “Há sempre qualquer coisinha para alterar e, depois, quando damos por ela temos a Constituição descaracterizada”.

O líder do PCP disse que o partido apresentou também um projeto de revisão porque decidiu não ficar “sem instrumento de batalha política” nessa discussão. Para o PCP, não é relevante que tenha sido o Chega a abrir o processo de revisão constitucional, já que “mais do que a forma, o que interessa é o conteúdo”.

Já quanto ao Orçamento do Estado para 2023, que entrará na fase de discussão na especialidade e tem a votação final global marcada para o próximo dia 25, Paulo Raimundo declarou que “continua a não corresponder às necessidades do país”.

Questionado sobre se o PCP irá manter o voto contra na votação final global, tal como fez na votação na generalidade, Raimundo declarou que “à partida” não vê que “haja uma inversão” nas políticas orçamentais que levasse o partido a alterar a sua posição.

Paulo Raimundo, que integrou as delegações do PCP “nas conversas” com o PS e o Governo no tempo da “geringonça”, considerou ainda que o Partido Socialista, em maioria absoluta, “costuma autodestruir-se”.

“O meu camarada Jerónimo tinha uma expressão (…) o PS com maioria absoluta geralmente costuma autodestruir-se, a partir de correntes internas, de divisões internas”, assinalou o novo líder do PCP, lamentando os “casos” que atingem a imagem dos governos e dos partidos, referindo “o PS ou o PSD”.

“Todo esse conjunto de casos tem uma consequência de degradação da imagem política e da forma como as pessoas devem estar na política, da ideia que são todos iguais e que se vão servir dela. É uma ideia com que não partilhamos e que nos preocupa muito porque a degradação da imagem do sistema democrático não traz bons resultados”, disse.

Reconhecendo que são positivas, “mas insuficientes” as medidas do Governo para contrariar os efeitos da subida dos preços e das taxas de juro, Paulo Raimundo sublinhou que “há duas questões que custam sair do papel” e que são essenciais, a necessidade de um “aumento significativo” dos salários e de fixar os preços do cabaz alimentar.

“Isto é mais do que uma crise, é a injustiça a pairar, a impor-se, considerou, deixando um apelo às forças sociais para uma convergência em torno destas reivindicações.

“Não estamos sós, não queremos estar sós, nem queremos estar sós para este conjunto de desafios que temos pela frente, disse, sugerindo que no PS haverá quem não se identifique com as opções atuais do Governo.

“Talvez seja mais fácil para os socialistas em concreto perceberem que uma das piores que podia ter acontecido em relação às preocupações que têm individualmente com o país, com a situação do país, foi o seu partido ter tido maioria absoluta”, declarou.


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