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PS e oposição divergem sobre recuperação de estragos do furacão Lorenzo

PSD e CDS-PP criticam o atraso na evolução das obras de recuperação do furacão Lorenzo, mas o PS alega que apenas as intervenções mais complexas estão numa fase mais atrasada.

PS e oposição divergem sobre recuperação de estragos do furacão Lorenzo

Autor: Lusa/AO Online

O grupo de trabalho criado no parlamento açoriano para acompanhar a recuperação dos estragos provocados pelo furacão Lorenzo terminou, na ilha das Flores, um conjunto de visitas às ilhas mais fustigadas, onde se incluíram também Corvo, Pico e Faial.

O furacão, que assolou os Açores na madrugada de 1 para 2 de outubro de 2019, provocou 255 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas.

O executivo açoriano calculou os prejuízos em cerca de 330 milhões de euros, sendo 85% deste valor assumido pelo Governo da República.

Segundo Alonso Miguel, do CDS-PP, partido que propôs a criação do grupo em conjunto com o PS, “passados oito meses, há um atraso em grande parte das obras”.

“À exceção de algumas operações de limpeza e de algumas pequenas intervenções, não há praticamente nada feito e já passaram oito meses. As grandes obras estão quase todas em fase de projeto ou em fase de lançamento e o que se prevê é que possam ser prolongadas para 2021 e nalguns casos ainda para lá de 2021”, apontou.

O deputado considerou, por outro lado, que a urgência na contabilização dos estragos “levou a que houvesse nalguns casos uma clara suborçamentação”, com valores propostos “manifestamente insuficientes” para as obras previstas.

Também o deputado social-democrata Bruno Belo disse que na ilha das Flores os primeiros trabalhos de proteção emergente do porto comercial das Lajes, que ficou totalmente destruído com a passagem do furacão, só tiveram início com a visita estatutária do Governo Regional, no final de junho.

“Até há uma semana o que teríamos do ponto de vista de visualização seriam algumas operações de limpeza e pequenas obras de recuperação do que foi a passagem do furacão Lorenzo”, adiantou.

O deputado admitiu que há procedimentos técnicos que “não podem ser dispensados”, mas acusou o Governo Regional de não ter dado “prioridade” à recuperação dos estragos na ilha das Flores, que se viu privada do seu único porto comercial.

Bruno Belo criticou, por outro lado, a “dificuldade recorrente” de acesso a documentação requerida pelo grupo de trabalho sobre os levantamentos feitos para apurar os estragos nas infraestruturas portuárias da região, alegando que esses relatórios foram solicitados em fevereiro e ainda não foram entregues.

O coordenador do grupo de trabalho, o deputado socialista André Rodrigues, fez um balanço mais positivo da recuperação dos estragos e lembrou que a suspensão de ligações aéreas e marítimas nos Açores durante mais de dois meses, devido à pandemia da covid-19, impediu a deslocação de técnicos aos locais.

“Consoante a complexidade da intervenção, temos tempos de resposta completamente diferentes. Temos coisas mais simples que estão concluídas e estão a ser feitas e situações mais complexas, com outras necessidades, que estão ainda em fase de projeto e de lançamento da empreitada”, frisou, alegando que nas ilhas do Pico e do Faial há obras já em fase de conclusão.

Quanto ao abastecimento de mercadorias à ilha das Flores, os partidos são unânimes em reconhecer que melhorou desde que o navio Malena entrou em funcionamento, mas lembram que numa fase inicial se registaram vários constrangimentos.

“Em todo o processo houve uma desorganização muito grande e uma falta de capacidade do Governo Regional em dar a resposta necessária, do ponto de vista das cargas”, afirmou Bruno Belo.

Também Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, disse que o transporte assegurado pelo navio Malena está a “corresponder às necessidades” dos empresários, mas numa fase inicial houve alguma “desorganização logística”.

Alonso Miguel sublinhou, por outro lado, que a ilha do Corvo “continua sem uma solução tão satisfatória”, defendendo o aluguer de um navio que possa operar no Porto da Casa.

André Rodrigues reconheceu que “houve constrangimentos em novembro e dezembro”, mas frisou que “foram ultrapassados a partir de janeiro”, acrescentando que já foram pagas praticamente todas as indemnizações aos empresários pelos prejuízos causados.

Segundo o coordenador do grupo de trabalho, o relatório sobre o acompanhamento da recuperação dos estragos deverá estar concluído “no final de julho”, faltando ainda ouvir os secretários regionais com competências em matéria de habitação, mar e agricultura.

A poucos meses do final desta legislatura, André Rodrigues admitiu a possibilidade de na próxima ser criado um novo grupo de trabalho para acompanhar as obras de recuperação, que nalguns casos demorarão vários anos.

O deputado único do PPM também integra o grupo de trabalho, mas, contactado pela Lusa, disse não ter conseguido estar presente na visita às Flores.

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