Autor: Lusa / AO online
A iniciativa, intitulada ReThink Eco-Project: Redução, Reutilização, Reciclagem e Valorização de Resíduos da Indústria do Café, insere-se no Programa de Sustentabilidade “Planeta Delta”.
Financiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o projeto arrancou em 2009 e “só termina em março de 2011”, explicou hoje à agência Lusa o diretor de Inovação da Delta Cafés, Marco Miranda.
A investigação já permitiu obter “alguns valores e resultados” que, passíveis de “gerar propriedade intelectual, não podem ainda ser revelados”, disse.
Contudo, o responsável, destacando o “caráter inovador” do projeto em termos ibéricos, frisou que a empresa acredita que “podem ser gerados subprodutos com valor comercial” a partir das borras de café.
A empresa, por enquanto, disse, está centrada na valorização dos resíduos das cápsulas de café Delta Q – as borras e também o plástico das embalagens - e na otimização da logística de recolha desses resíduos.
O ReThink resulta de uma parceria com o Instituto de Biotecnologia Experimental e Tecnológico (IBET) e a Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Engenharia Industrial (UNIDEMI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
“O IBET estuda a valorização dos resíduos, com a caracterização do plástico e da borra para depois potenciá-los em subprodutos, e a UNIDEMI aborda a otimização da logística da recolha desses resíduos”, referiu Marco Miranda.
Embora ainda sem dados finais, o responsável garantiu que, da borra, é possível extrair “elementos ricos, como óleos essenciais e para a produção de biodiesel e indústria de produtos naturais, e também antioxidantes, já que muitos dos produtos anticelulíticos e de beleza têm como componente ativa a cafeína”.
“Sabemos também que, se queimarmos a borra, para produção de vapor e cogeração, podemos reincorporar energia nas nossas instalações. Ou, então, podemos criar biogás, utilizando-o igualmente como fonte de energia”, acrescentou.
A Delta Cafés já desenhou recipientes próprios para deposição das cápsulas usadas, chamados “capsulões”, distribuídos, por exemplo, “na lojas Delta Q e nos 22 departamentos comerciais nas principais capitais de distrito”.
“Estamos a desenvolver um recipiente para que o consumidor traga de casa as cápsulas usadas e temos uma estação piloto na nossa fábrica em Campo Maior, que tritura as cápsulas e separa os resíduos, enviados para reciclagem. A borra é usada na compostagem e as cápsulas na indústria de plásticos mistos”, relatou.
No futuro, depois de a investigação definir quais as “soluções economicamente viáveis” para valorização da borra, a Delta equaciona alargar o projeto ao canal Horeca e, assim, recolher os resíduos dos cafés, restaurantes e bares.