Autor: Lusa/AO Online
“Aquilo que a ANACOM tem vindo a pugnar, e em relação aos Açores e à Madeira é fulcral, é o investimento na renovação dos cabos submarinos, que tem de ser feito nos próximos anos, e que o Governo inscreveu como estratégico no Orçamento do Estado para o próximo ano”, afirmou à agência Lusa o presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), depois de se ter reunido com os presidentes das duas câmaras municipais da ilha.
João Cadete Matos explicou que a deslocação ao ponto mais ocidental da Europa visou identificar “o estado das comunicações da ilha das Flores, uma das zonas mais remotas do território nacional e em que é possível identificar a importância que têm as comunicações para o desenvolvimento de toda a Região Autónoma dos Açores”.
O presidente da ANACOM adiantou que há "ainda zonas da ilha que têm uma cobertura de rede móvel inexistente".
"Mesmo junto aqui, à sede de concelho, em Santa Cruz das Flores, existe parte da população que não tem nenhuma rede móvel e, portanto, essa é uma das prioridades, que a rede móvel esteja disponível em todo o território, assim como internet também”, já que “há várias partes da ilha que não têm redes de banda larga e redes de alta velocidade”, esclareceu.
A solução passa pelo investimento nos cabos submarinos, uma medida prevista no Orçamento do Estado para 2019 e cujas estimativas apontam para um “valor global do investimento de cerca de 100 milhões de euros”, afirmou o presidente da ANACOM, acrescentando que “o projeto deveria estar concluído, em termos do estudo das soluções, nos próximos dois anos”.
“O que é importante, neste momento, é encontrar um modelo de negócio que, seja com investimento público, seja com investimento privado, consiga desenvolver uma solução de cabos submarinos virada para o futuro, que permita dar esta resposta às necessidades das populações, em termos de conectividade, mas que também possa ter outras mais-valias” como “a proteção sísmica”, acrescentou João Cadete Matos.
Outra das soluções defendidas pela ANACOM é uma maior partilha das infraestruturas existentes, nomeadamente das antenas, através do desenvolvimento do ‘roaming’ nacional, que permita a “qualquer cidadão nacional ligar-se a qualquer antena de qualquer operador, não apenas às antenas do seu operador, para que no fundo beneficie da mesma situação de que beneficiam os turistas estrangeiros”.
“Esta, aliás, foi uma recomendação do grupo de trabalho, promovido pela ANACOM, que tratou das consequências dos incêndios em Portugal, em que participaram todos os operadores”, observou o presidente da autoridade.
Segundo João Cadete de Matos, os presidentes das câmaras de Santa Cruz das Flores e Lajes das Flores sinalizaram a importância do desenvolvimento do serviço de Correios, atendendo a que os Açores são uma das regiões do país que mais recorre ao comércio eletrónico e que, portanto, depende muito do serviço de correio postal.