Açoriano Oriental
Portugal está a tentar preservar diáspora de forma "híbrida"
A professora catedrática Irene Blayer, da Universidade de Brock, considera que em Portugal se está a "tentar preservar" de forma "híbrida" a realidade da comunidade açoriana residente no Canadá.
Portugal está a tentar preservar diáspora de forma "híbrida"

Autor: Lusa/AO Online

“Há um tentar preservar uma comunidade açoriana, mas é uma preservação um bocadinho híbrida, diria eu”, especificou a docente universitária, que está a participar na Ribeira Grande, na ilha de S. Miguel, nos Açores, no congresso que assinala os 60 anos da emigração oficial açoriana para o Canadá.

Irene Blayer explica que “é muito diferente” a comunidade lusa atualmente existente no Canadá quando comparada com os emigrantes que deixaram a região sem qualificações e domínio da língua dos locais de destino e com maiores dificuldades de integração.

“Nós temos hoje jovens que integram as universidades, que se formam e adaptam completamente no ambiente anglófono, embora mantenham as suas tradições e das suas famílias. Há hoje uma perceção do outro que não existia, de sair da própria comunidade, aprender, educar e evoluir”, considera.

De acordo com Irene Blayer, a saída das comunidades de origem “é que faz com que realmente a comunidade seja conhecida".

"Porque se nos mantivermos ali, nós ‘ilhamos’, é muito difícil, acabamos por não crescer e criar uma outra cultura que já não existe”, afirma.

A professora universitária de origem açoriana, também ela uma emigrante, considera que no Canadá “há muitos casos de sucesso entre açorianos em várias áreas, desde o mundo universitário, negócios e artes”, frisando que não são conhecidos dentro da própria comunidade.

“Há ainda uma perceção, que não diria negativa, mas, cá em Portugal, vê-se a comunidade como se não tivesse crescido. Há um mito qualquer que não se conseguiu ainda dissipar. Essa não é a realidade da comunidade”, refere.

Irene Blayer especifica que “essa comunidade que ainda está neste passado- presente dos 60 anos, dos 50, dos 40 ou dos 30 está a reduzir-se porque as pessoas já envelheceram, sendo os filhos e os netos que estão a formar uma outra comunidade que não é propriamente a dita comunidade açoriana”.

A docente universitária considera que quando os jovens estão fora do ambiente familiar e da própria comunidade “é muito difícil manter a língua” portuguesa, que está a perder terreno para outras línguas, muito embora o português brasileiro esteja a emergir.

No âmbito do congresso vai ser lançado na terça-feira um livro de memórias de Afonso Maria Tavares, que está presente no evento e que foi um dos 18 pioneiros açorianos que desembarcam em Halifax a 13 de maio de 1953, naquela que constitui a primeira onda de emigração.

 

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