Autor: Lusa/AO Online
“A perceção sobre Portugal está claramente a mudar e, no sentido que nos interessa, no sentido positivo”, afirmou Pires de Lima, segunda-feira à noite em Nova Iorque, após uma agenda que incluiu seis encontros com importantes fundos de investimento, no âmbito da missão portuguesa de captação de investimento a decorrer até sexta-feira no território norte-americano.
“Há um grande conhecimento sobre aquilo que se está a passar em Portugal (…) É assumido por quase todas as casas de investimento que Portugal está na trajetória correta, que a economia está a ter um comportamento surpreendente”, sublinhou o governante.
Sem avançar pormenores, António Pires de Lima indicou que algumas grandes empresas americanas, de caráter mais institucional nomeadamente ao nível de capital de risco, “estão a olhar para oportunidades em Portugal em diferentes áreas”, nomeadamente para setores mais vocacionados para os serviços e indústria.
Independentemente dos setores, o ministro da Economia define um grande objetivo: cativar investidores numa perspetiva de médio e longo prazo em Portugal.
“Investidores sobretudo que olhem para Portugal numa perspetiva industrial, numa perspetiva de criar novas empresas, apostar em empresas já existentes, desenvolver empresas portuguesas”, disse Pires de Lima, acrescentando que os contactos mantidos até ao momento foram “francamente animadores”.
Sobre o possível interesse de investidores na aquisição de dívida portuguesa, o ministro frisou não ser essa a sua missão nos Estados Unidos, indicando, no entanto, que os contactos mantidos em Nova Iorque demonstraram que as empresas norte-americanas "estão acompanhar de perto” a situação.
“A minha missão, obviamente, não é vender dívida portuguesa (…). Mas o que posso verificar é que muitos dos fundos que hoje [segunda-feira] visitei já estão expostos ao mercado de 'equities' em Portugal, ao mercado de capitais, com exposições que não são despiciendas e, aqueles que não estão expostos, estão a olhar atentamente para oportunidades de entrada em Portugal”, referiu.
Questionado sobre eventuais preocupações manifestadas pelos investidores norte-americanos sobre os aspetos políticos internos de Portugal, Pires de Lima afirmou que o tema não esteve na ordem do dia.
“Quase ninguém ou, que eu me lembre, ninguém me falou dos momentos de turbulência política que se viveram há cinco ou seis meses. Acho que esse tema está ultrapassado”, disse o governante.
A agenda do primeiro dia da missão portuguesa foi também marcado por uma entrevista de Pires de Lima à Bloomberg News, fechada aos restantes membros da comunicação social, e por um evento patrocinado pela AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal na sede da empresa norte-americana especializada em informação financeira para abordar o tema inovação e empreendedorismo.
Um evento inédito, segundo a AICEP, uma vez que é a primeira vez que a Bloomberg realiza uma parceria deste tipo com um país estrangeiro.
Orador convidado do evento, Pires de Lima salientou as potencialidades de Portugal no domínio da inovação e do empreendedorismo.
Já em declarações à Lusa, o ministro referiu que esta é uma das mensagens que pretende transmitir ao mercado norte-americano.
“É preciso posicionar Portugal também como um país que está a fazer coisas bem feitas tecnologicamente”, disse Pires de Lima, dando o exemplo da Bial, a primeira empresa portuguesa que obteve uma licença para comercializar nos Estados Unidos um produto de patente e investigação nacional (um antiepilético).
“É preciso comunicar este Portugal empreendedor e inovador a um mercado tão exigente”, concluiu.
A missão aos Estados Unidos, que vai passar igualmente por Washington e São Francisco, é a quarta etapa do "roadshow' de promoção de investimento em Portugal que o Ministério da Economia está a desenvolver junto dos seus principais parceiros económicos. As anteriores etapas passaram por Londres, Berlim e Moscovo.