Autor: Lusa/AO Online
Em
comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP explica
ter dado cumprimento, na quarta-feira, a seis mandados de busca e
apreensão, dois em Lisboa, um em Queluz, um em Caneças, um em Vialonga e
o último em Ponta Delgada, nos Açores. A
PSP procedeu ainda à detenção de dois homens, um de 24 anos e um de 20
anos, mediante a emissão prévia de dois mandados de detenção fora de
flagrante delito. Segundo a polícia, os
dois detidos, com a colaboração de outros visados no processo,
“circulavam com uma viatura na via pública, com o fito de encontrarem
uma possível vítima, sendo que a característica preferencial desta era a
sua idade já avançada”. Depois, abordavam a
vítima, afirmando que momentos antes esta havia batido com a sua
viatura na deles e, no seguimento do cometimento do crime de burla,
“convenciam ou obrigavam a vítima a pagar uma quantia monetária de forma
a cobrir os ‘danos’”. “De preferência,
pediam à vítima quantias monetárias em dinheiro vivo, ou caso a pessoa
não tivesse essa disponibilidade dirigiam-se a dependências bancárias e
aí faziam transferências de quantias monetárias da conta da vítima para
uma conta bancária associada a um dos suspeitos”, refere a nota da PSP. Em
declarações à Lusa, o subintendente Tiago Fernandes, do Cometlis,
explicou que o grupo era constituído por quatro homens e duas mulheres,
sendo que três deles “cooperavam ativamente” na burla, que era realizada
em parques de estacionamento na via pública ou em centros comerciais. “O
crime começa na identificação da vítima, na escolha da vítima, que era
estudada, e depois simulavam o acidente. Diziam que não era necessário
estar a preencher papelada, só de uma quantia monetária para fazer face
aos estragos”, contou Tiago Fernandes. Segundo
o responsável, os suspeitos iam até casa das vítimas, sabendo já que
estas tinham dinheiro físico, ou então iam às caixas multibanco para
levantar, “muitas vezes ajudando eles próprios as vítimas a levantar,
pedindo-lhes o pin do cartão”. “Os dois
homens detidos são bem parecidos, descritos pelas vítimas como
atenciosos, que só queriam ajudar”, revelou Tiago Fernandes, adiantando
que os suspeitos chegaram a ficar com um cartão multibanco que simularam
ter entregado “entre papeis devolvidos à vítima”, continuando,
posteriormente, a subtração de dinheiro até a vítima se aperceber. Este
fenómeno foi identificado no início deste ano e, após várias
diligências investigatórias, foi possível identificar o grupo que se
dedicava de forma reiterada a esta prática. Durante
a atividade criminosa, os suspeitos, conseguiram apropriar-se de
quantias monetárias das vítimas, cujas idades variam entre os 68 e os 88
anos, que ascende aos 60 mil euros. De
acordo com Tiago Fernandes, neste momento estão identificadas 11
vítimas, admitindo que existam mais, as quais, no entanto, não
denunciaram os factos às autoridades. Cada uma das vítimas foi burlada em valores variáveis entre os 1.500 euros e os cinco mil euros. Uma
das burlas feita a um idoso resultou, no entanto, na apropriação
ilícita de cerca de 25 mil euros que só foi travada “quando os filhos se
aperceberam da sangria de dinheiro da conta bancária do pai”, refere a
PSP. Nas buscas domiciliárias, a PSP
apreendeu vários documentos, nomeadamente informação de fluxos de
quantias monetárias, duas munições de calibre 7.62 mm, próprias para
arma de guerra, um automóvel e ainda 2.550 euros em dinheiro. Além
dos dois detidos, foram constituídos arguidos outros dois homens e uma
mulher, que ficaram com termo de identidade e residência, tendo Tiago
Fernandes adiantado que um dos suspeitos já se encontra detido no âmbito
de outro processo. Tiago Fernandes
aconselha a população a ter um contacto direto com a PSP no seu
telemóvel, ou em caso de ser alvo de uma situação suspeita que peça
ajuda a terceiros que estejam próximos e, se for caso disso, peça ajuda
ao funcionário de uma instituição bancária, além de nunca transportar o
código pin juntamente com o cartão multibanco.