Açoriano Oriental
Pelo menos 11 idosos lesados em mais de 60 mil euros em esquema de "falso acidente"

Pelo menos 11 idosos foram vítimas do crime de burla cujo “modus operandi” era o falso acidente, tendo sido lesados em mais de 60 mil euros, informou a PSP, que deteve dois homens no âmbito desta investigação

Pelo menos 11 idosos lesados em mais de 60 mil euros em esquema de "falso acidente"

Autor: Lusa/AO Online

Em comunicado, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP explica ter dado cumprimento, na quarta-feira, a seis mandados de busca e apreensão, dois em Lisboa, um em Queluz, um em Caneças, um em Vialonga e o último em Ponta Delgada, nos Açores.

A PSP procedeu ainda à detenção de dois homens, um de 24 anos e um de 20 anos, mediante a emissão prévia de dois mandados de detenção fora de flagrante delito.

Segundo a polícia, os dois detidos, com a colaboração de outros visados no processo, “circulavam com uma viatura na via pública, com o fito de encontrarem uma possível vítima, sendo que a característica preferencial desta era a sua idade já avançada”.

Depois, abordavam a vítima, afirmando que momentos antes esta havia batido com a sua viatura na deles e, no seguimento do cometimento do crime de burla, “convenciam ou obrigavam a vítima a pagar uma quantia monetária de forma a cobrir os ‘danos’”.

“De preferência, pediam à vítima quantias monetárias em dinheiro vivo, ou caso a pessoa não tivesse essa disponibilidade dirigiam-se a dependências bancárias e aí faziam transferências de quantias monetárias da conta da vítima para uma conta bancária associada a um dos suspeitos”, refere a nota da PSP.

Em declarações à Lusa, o subintendente Tiago Fernandes, do Cometlis, explicou que o grupo era constituído por quatro homens e duas mulheres, sendo que três deles “cooperavam ativamente” na burla, que era realizada em parques de estacionamento na via pública ou em centros comerciais.

“O crime começa na identificação da vítima, na escolha da vítima, que era estudada, e depois simulavam o acidente. Diziam que não era necessário estar a preencher papelada, só de uma quantia monetária para fazer face aos estragos”, contou Tiago Fernandes.

Segundo o responsável, os suspeitos iam até casa das vítimas, sabendo já que estas tinham dinheiro físico, ou então iam às caixas multibanco para levantar, “muitas vezes ajudando eles próprios as vítimas a levantar, pedindo-lhes o pin do cartão”.

“Os dois homens detidos são bem parecidos, descritos pelas vítimas como atenciosos, que só queriam ajudar”, revelou Tiago Fernandes, adiantando que os suspeitos chegaram a ficar com um cartão multibanco que simularam ter entregado “entre papeis devolvidos à vítima”, continuando, posteriormente, a subtração de dinheiro até a vítima se aperceber.

Este fenómeno foi identificado no início deste ano e, após várias diligências investigatórias, foi possível identificar o grupo que se dedicava de forma reiterada a esta prática.

Durante a atividade criminosa, os suspeitos, conseguiram apropriar-se de quantias monetárias das vítimas, cujas idades variam entre os 68 e os 88 anos, que ascende aos 60 mil euros.

De acordo com Tiago Fernandes, neste momento estão identificadas 11 vítimas, admitindo que existam mais, as quais, no entanto, não denunciaram os factos às autoridades.

Cada uma das vítimas foi burlada em valores variáveis entre os 1.500 euros e os cinco mil euros.

Uma das burlas feita a um idoso resultou, no entanto, na apropriação ilícita de cerca de 25 mil euros que só foi travada “quando os filhos se aperceberam da sangria de dinheiro da conta bancária do pai”, refere a PSP.

Nas buscas domiciliárias, a PSP apreendeu vários documentos, nomeadamente informação de fluxos de quantias monetárias, duas munições de calibre 7.62 mm, próprias para arma de guerra, um automóvel e ainda 2.550 euros em dinheiro.

Além dos dois detidos, foram constituídos arguidos outros dois homens e uma mulher, que ficaram com termo de identidade e residência, tendo Tiago Fernandes adiantado que um dos suspeitos já se encontra detido no âmbito de outro processo.

Tiago Fernandes aconselha a população a ter um contacto direto com a PSP no seu telemóvel, ou em caso de ser alvo de uma situação suspeita que peça ajuda a terceiros que estejam próximos e, se for caso disso, peça ajuda ao funcionário de uma instituição bancária, além de nunca transportar o código pin juntamente com o cartão multibanco.

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