Açoriano Oriental
Ciência
Pasteleiro que ficou sem mão aos 7 anos recebe mão biónica
Uma mão biónica irá devolver a João Carlos a mão esquerda que este pasteleiro de Arcos de Valdevez perdeu quando tinha sete anos, culminando um processo de exames e ensaios com mais de um ano.

Autor: Lusa/AO online
"Já experimentei a mão biónica diversas vezes e o que consigo dizer é que é uma sensação incrível, espectacular. Muito difícil de descrever. Quase não se nota a diferença em relação a uma mão normal", disse à Lusa João Carlos Pereira, 32 anos de idade e pasteleiro de primeira classe.
"A única diferença em relação à mão direita é não tem pêlos nem sardas", acrescenta, com algum humor.
Uma mão biónica é uma prótese avançada, com cinco motores individuais que accionam cada um dos dedos. Os gestos da mão são possíveis graças a placas de eléctrodos que detectam sinais eléctricos gerados nos músculos remanescentes do membro amputado. 
"Cada dedo vai ficar com força para pegar até oito quilos. Consigo girar o polegar e tudo, é espectacular", repete João Carlos, que ficou sem a mão na sequência da explosão de uma cana de foguete lançado por ocasião das festas de Prozelo, a freguesia do concelho de Arcos de Valdevez de onde é natural.
 A mão biónica custou-lhe cerca de 30 mil euros, tendo contado com uma comparticipação do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Vai ser definitivamente instalada no dia 20 de Outubro, no Centro de Reabilitação Profissional de Vila Nova de Gaia.
"Nem imagina o corridinho que tem sido a minha vida nos últimos meses, para Vila Nova de Gaia, mas agora parece que, finalmente, tudo isto vai chegar ao fim", refere. 
O processo envolveu exames para testar os tendões, tirar as medidas, fazer o gesso, testar o molde e verificar se os encaixes "batiam certo".
Apesar do handicap de ter crescido apenas com uma mão, João Carlos refere que "nunca teve problemas para fazer o que os outros, com duas mãos, fazem, tão bem ou melhor que eles". 
"A necessidade aguça o engenho", garante.
Na sequência do acidente, João Carlos cortou o braço esquerdo quase até ao cotovelo e ficou sem parte do polegar da mão direita. Foi assim que cumpriu toda a escolaridade, até concluir, na Escola Profissional do Alto Lima, o curso de técnico de informação turística, em 1992.
"Nunca me privei de nada, nunca deixei de fazer nada por causa da mão. Ando de moto, conduzo carro, faço tudo como outra pessoa qualquer. Nunca me senti complexado ou inferior a ninguém", assegura.
Concluído o curso, João Carlos meteu uma prótese, que ainda hoje tem, e que apenas lhe permite mexer dois dedos, tendo logo começado a trabalhar, como pasteleiro.
"Hoje, sou pasteleiro de primeira categoria, faço todo o tipo de bolos e de decorações, tomaram muitos com duas mãos fazerem metade do que eu faço", diz, orgulhoso.
Para o dia 20, João Carlos já adivinha um "turbilhão de emoções".
"Olhe, vai ser assim como uma criança que acaba de receber um presente há muito desejado", remata.
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