Açoriano Oriental
PAN pergunta a Costa quanto tempo as pessoas vão ter as vidas suspensas

O deputado do PAN perguntou ao primeiro-ministro quanto tempo os afetados pelos incêndios terão as vidas suspensas, com António Costa a admitir que a menor área ardida na última década retirou pressão política e mediática aos problemas florestais.


Autor: Lusa/AO online

Na última intervenção do debate quinzenal de hoje, pelo PAN, André Silva quis saber "que ações está o Governo a providenciar" para que pessoas afetadas pelos incêndios do fim de semana deixem de ter as vidas suspensas e "possam voltar à sua vida normal, com rapidez e dignidade".

"Queremos saber o que o Governo irá fazer para alterar a forma como se faz política em Portugal, nomeadamente para corrigir a promiscuidade na administração pública, acabar com a evidente proteção dos interesses instalados na gestão da floresta e dos meios de combate aos incêndios e para adotar uma política agrícola que defenda as pessoas e os ecossistemas", questionou ainda o deputado do PAN.

Na resposta, o primeiro-ministro - apesar de confessar não saber "se é politicamente correto" dizê-lo -, considerou que hoje se está "a pagar o custo de durante uma década o país ter conseguido reduzir significativamente as suas áreas ardidas, que tinham uma média anual de 200 mil para uma média de 70 mil hectares".

"Essa redução reduziu a pressão política, a pressão mediática, a atenção do conjunto do país sobre os problemas estruturais da floresta. Hoje, muitas das práticas que diz faltarem, já existiram, mas foram caindo no esquecimento", lamentou.

Para Costa, "foi a brutalidade deste verão, em toda a sua dimensão", que despertou toda a gente para que seja imprescindível nunca mais se voltar a esquecer aquilo que a última década foi fazendo esquecer.

O deputado do PAN relatou que nos últimos três dias esteve em vários concelhos do distrito de Viseu, onde constatou "a banalização do incumprimento da lei, aceite por todos".

"As faixas de segurança não existem. É comum ver pinheiros e eucaliptos encostados a paredes de fábricas e ver "mato a entrar pelas cozinhas dentro", contou.

Mas, apesar de se perceber que o Estado, especialmente em alguns municípios, não tem meios humanos e equipamentos para limpar todos os terrenos de proprietários incumpridores, “o mínimo que tem que ser assegurado é que o fogo não atravesse povoações e zonas industriais", defendeu o deputado.

António Costa referiu a este propósito que "as faixas de proteção são essenciais de cumprir seja nas estradas, seja nas infraestruturas elétricas, seja à volta das casas".

"Quando as máquinas de rasto ou as motosserras chegarem à floresta para abrirem as faixas que são necessárias e para repor as faixas de segurança que foram necessárias, aí ouviremos os proprietários dizer muitas vezes que não podem mexer naquilo que é deles", adiantou o primeiro-ministro.

António Costa quer assim que, no meio rural, seja "clara distinção entre o direito de propriedade e o direito a plantar".

"Sim, há sítios onde não é possível plantar nada, há sítios onde não é possível plantar aquilo que queremos, mas só aquilo que os planos de ordenamento florestal permitem", avisou.


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