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Oposição pediu fim da maioria absoluta e PS lembrou combate à covid-19

A campanha eleitoral nos Açores para as regionais de domingo assentou no apelo ao voto dos partidos da oposição para o fim da maioria absoluta do PS, com os socialistas a declararem ser o referencial de estabilidade.

Oposição pediu fim da maioria absoluta e PS lembrou combate à covid-19

Autor: Lusa/AO Online

Desde 1996 no poder, o PS, liderado por Vasco Cordeiro, que se recandidata a um terceiro e último mandato, defendeu por diversas vezes na campanha eleitoral que o voto no partido é o que garante um "rumo firme, sério e experiente" para a região na superação da atual "tormenta" provocada pela pandemia de covid-19.

"A pior coisa que pode acontecer é ter três ou quatro que querem agarrar no leme" e rumar em diferentes sentidos, disse Vasco Cordeiro já na reta final da campanha, aludindo aos partidos da oposição.

Uma eventual perda da maioria absoluta socialista foi tema recorrente dos partidos da oposição, tendo inclusive o líder nacional do PSD, Rui Rio, reconhecido que, a concretizar-se no domingo, poderia ser vista como uma "meia vitória".

Também o presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, defendeu o projeto que encabeça como "uma verdadeira alternativa” à governação socialista.

Rui Rio esteve alguns dias na região, mas os líderes do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, do Chega, André Ventura, e do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, foram os dirigentes partidários máximos que mais acompanharam os candidatos regionais durante a campanha, que termina na sexta-feira.

Naquela que foi a primeira campanha eleitoral em período de covid-19 – uma espécie de 'tubo de ensaio' para as presidenciais de janeiro e, eventualmente, as autárquicas de 2021 -, foram diversas as diferenças face a momentos passados: os jantares-comício foram praticamente inexistentes e os contactos com o eleitorado dispensavam os tradicionais beijos e abraços, por exemplo.

O coordenador do BE, António Lima, atacou também recorrentemente o PS de Vasco Cordeiro, dizendo que este não tem ideias e tem como programa apenas “manter-se no poder”.

“O PS não tem programa para os Açores, além do programa de se manter no poder e manter a maioria absoluta. Isso não é um programa que serve aos Açores, que precisam de soluções para combater a precariedade, para melhores transportes, de como recuperar a SATA – de que o PS não fala -, como combater as listas de espera e o abandono escolar”, declarou o candidato do BE/Açores por São Miguel e círculo de compensação.

O coordenador regional comunista, Marco Varela, pediu “mais votos e mais mandatos” para a CDU nas legislativas - a coligação, que junta PCP e Os Verdes, tem na ainda presente legislatura apenas um parlamentar eleito.

“Das eleições de 25 de outubro, há duas alterações essenciais que podem sair – o reforço da CDU, em votos e mandatos, e o fim da maioria absoluta que limita o debate democrático e recusa todas as propostas que são apresentadas”, afirmou o dirigente comunista.

Pelo CDS, o líder regional, Artur Lima, advogou que o seu partido não viabilizará governos após domingo, apenas compromissos eleitorais.

“O CDS não viabiliza governos de ninguém. O CDS viabiliza os seus compromissos eleitorais. É isso que estamos a apresentar aos açorianos e é isso que vamos exigir a quem for governo. Se for o CDS, tanto melhor”, afirmou o candidato nos últimos dias oficiais de campanha.

Paulo Estêvão, líder regional do PPM, e deputado eleito pelo Corvo, pediu mais votos no partido para que este forme um grupo parlamentar e aumente as suas possibilidades de escrutinar na Assembleia Legislativa dos Açores o próximo executivo regional.

Dos partidos sem assento parlamentar na atual legislatura, PAN, Aliança, Iniciativa Liberal e Chega foram os mais ativos publicamente.

O Chega, por exemplo, afirmou-se confiante na eleição de mais do que um deputado, ao passo que a Iniciativa Liberal, que concorre em São Miguel e na Terceira, teceu críticas à gestão da pandemia: Nuno Barata, líder do partido nos Açores, disse que "a incompetência" do executivo regional se revelou "agora nestes últimos oito meses" de pandemia com situações "inadmissíveis", apontando o caso de utentes que "vão fazer testes covid-19 para realizarem exames médicos e ficam à chuva e ao vento à espera” de entrar no hospital de Ponta Delgada.

Pelo PAN, o coordenador no arquipélago, Pedro Neves, advogou que o seu partido representa "uma voz nova" que, se chegar ao parlamento regional, pode abordar as "necessidades reais dos açorianos e não as necessidades da bolha política".

Já o Aliança, liderado nos Açores por Paulo Silva, encerrou as ações de rua dois dias antes do previsto, dizendo ter de dar o "exemplo" no combate à pandemia. O partido, disse Mário Fernandes, candidato por São Miguel, assistiu "com estupefação a atos de verdadeira irresponsabilidade política que culminam, por exemplo, com visitas de líderes partidários vindos do continente, na altura mais perigosa desta pandemia”.

O responsável político aludia à presença, por exemplo, de André Ventura nos Açores, tendo o Chega realizado alguns jantares-comício na campanha eleitoral.

Apostando numa campanha digital, incluindo ‘webinars’, o Livre admitiu ser possível eleger um deputado no domingo, afirmando que as maiorias absolutas do PS são "nefastas".

Sem ações públicas divulgadas, o MPT, que apresentou candidatos de fora da região, criticou antes da campanha o “nepotismo” nas ilhas e o PCTP/MRPP lamentou a perda de autonomia.

A saúde, quer seja a covid-19, quer, por exemplo, a fixação de médicos especialistas ou as listas de espera, foi um dos temas mais presentes na campanha.

Educação, pobreza, a situação da transportadora açoriana SATA ou questões referentes ao ambiente e turismo foram outros dos temas presentes nas campanhas das diversas forças políticas.

Ao todo, são 13 as forças políticas que se candidatam aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP.

Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).

O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.


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