Obama nas pegadas de “Teddy” Roosevelt, o presidente da “justiça social”

O presidente norte-americano Barack Obama dedica já grande parte do seu tempo a angariar fundos para as eleições de 2012 e vai refinando um discurso eleitoral contra a desigualdade, tomando como referência "Teddy" Roosevelt, o presidente da "justiça social".


Naquele que foi talvez até agora o seu mais declarado discurso pré-campanha, a 6 de dezembro, Obama foi a Osawatomie, Kansas, seguindo pegadas deixadas por Roosevelt em 1910 para dizer que, mais do que um debate político, o que está em jogo hoje para os Estados Unidos é "ser um país onde os trabalhadores podem ganhar o bastante para sustentar uma família, fazer poupanças modestas, ter uma casa e assegurar a reforma".

Para os Republicanos, disse, "a filosofia é a de que estamos melhor quando cada um está por si e dita as suas próprias regras".

"Estou aqui para reafirmar a minha profunda convicção de que somos maiores do que quando estamos entregues a nós próprios. Acredito que este país tem sucesso quando cada um tem uma hipótese justa, quando todos têm a sua parte, quando as regras são iguais para todos", afirmou.

Recorrendo à terminologia afirmada pelo movimento Occupy Wall Street, rejeitou que os seus valores sejam "99 por cento" ou "1 por cento", mas sim "americanos e que têm de ser recuperados".

Apesar de ter saído do foco da atenção mediática, este movimento heterogéneo, que junta desde anarquistas a recém-desempregados, trouxe para o centro da discussão a questão da desigualdade, que estatísticas recentes mostram que não tem parado de crescer nos EUA, com os "1 por cento" mais ricos a acumularem cada vez mais riqueza.

Bill Schneider, analista do "think tank" Third Way e comentador político na CNN, afirma que o discurso do Kansas definiu o assunto central da candidatura de Obama - "justiça social" - e representou uma viragem "do progressivismo, que busca reformas e consensos, para o populismo, que é mais confrontacional".

"A justiça social é um tema populista. Vai beber ao ressentimento em relação às elites - neste caso, os `um por cento´ dos ricos que têm ficado ainda mais ricos à conta dos trabalhadores comuns americanos", disse Schneider à Lusa.

Muitas vezes visto como elitista por ter passado pelas melhores universidades do país e pelo Senado, o presidente assumiu o ataque às elites económicas.

"A justiça social funciona melhor quando a economia está má. Os eleitores de classe média pensam `sou uma pessoa honesta, trabalhadora e se gente como eu está em dificuldades, tem de haver algo errado com o sistema´. Obama está a apostar que esta visão vai prevalecer", adiantou Schneider.

Jim Messina, diretor da campanha de Obama, disse esta semana esperar que o apoio à reeleição cresça entre eleitores latinos e jovens que não podiam ainda votar em 2008, grupos muito penalizados pelo elevado desemprego no país.

"Foram os irmãos e irmãs deles que começaram isto", disse Messina, numa conferência com o principal estratega político de Obama, David Axelrod.

Em Owasatomie, Obama citou Roosevelt: "O nosso país não quer dizer nada, a não ser que signifique o triunfo de uma verdadeira democracia, de um sistema económico em que cada homem terá garantida a oportunidade de mostrar o melhor que tem em si".

Elencou as "conquistas" do seu antecessor na presidência: um dia de trabalho de oito horas e salário mínimo para as mulheres, subsídios para os desempregados, idosos e deficientes, reforma política e um imposto sobre rendimentos progressivo.

"Por isso, Roosevelt foi chamado de radical. Foi chamado de socialista, mesmo de comunista. Mas hoje, somos uma nação mais rica e mais forte por causa daquilo por que ele lutou na sua última campanha", disse Obama.

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