Açoriano Oriental
Histórias do Rallye
O óleo emprestado que “salvou” os irmãos Rodrigues

Afirmaram-se como valores seguros dos ralis açorianos ao volante do Mitsubishi Lancer Evo IX que também lhes pregou partidas.



Autor: Rui Jorge Cabral

O Mitsubishi é conhecido por ser um ‘tanque’, mas também prega algumas partidas... Ruben Rodrigues que o diga quando no SATA Rallye Açores de 2015 se preparava, a um troço do fim, para terminar num bom 12º lugar, terceiro do Grupo N e à frente do sempre rápido e espetacular David Botka, o piloto húngaro que, também num Mitsubishi Lancer EVO IX, viria nesse ano a ser campeão europeu na categoria ERC2.

No entanto, durante o último troço, a sempre imprevisível passagem pelos 21,3 km da Tronqueira, o rali quase foi por ‘água - ou melhor, óleo - abaixo’... Ruben Rodrigues explica: “estávamos a descer a Mata dos Bispos, já a caminhar para o fim do troço e reparei que o carro estava a perder força, estávamos sem turbo e apercebo-me de muito fumo a sair pelo escape... Ainda cheguei a pensar que ficávamos ali, mas conseguimos terminar o troço. Abri o capot e depois de verificar o nível, reparei que estávamos sem óleo porque, ao partir o turbo, o óleo tinha saído todo pelo escape”.

Dentro do carro, a dupla Ruben e Estêvão Rodrigues levava um litro e meio de óleo para alguma eventualidade, mas eram precisos quatro a cinco litros e a ajuda de um qualquer espectador dava logo direito a desclassificação...

“O óleo que tínhamos não era suficiente e fomos mandando parar os concorrentes que iam saindo do troço atrás de nós a pedir óleo. Vários pilotos pararam e foram-nos dispensando algum óleo”, recorda o navegador Estêvão Rodrigues. “Já nem queríamos saber se era o óleo indicado ou não”, acrescenta Ruben Rodrigues, salientando que o maior ‘benemérito’ foi o piloto continental Manuel Castro que curiosamente na altura também guiava um Mitsubishi Lancer EVO IX e, portanto, vinha na mesma luta do Grupo N, embora bastante mais atrasado. Podia ganhar mais um lugar ao deixar a dupla açoriana parada na ligação, mas preferiu ajudar com dois litros de óleo, um sinal do desportivismo que ainda existe nos ralis.

Com óleo emprestado, Ruben e Estêvão Rodrigues conseguiram fazer a longa ligação entre o Nordeste e Ponta Delgada - a ‘deslizar’ em grande parte do caminho - e terminar o rali, mesmo com uma penalização no controlo final, ainda assim na 13ª posição, perdendo duas posições na estrada, mas ‘ganhando’ uma graças à desistência de Luís Miguel Rego, nesse rali acompanhado por Sancho Eiró, que ficou parado à saída da Tronqueira, com um disco de travão partido no seu Mitsubishi Lancer EVO IX e - imagine-se - sem óleo nos travões!!!

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