Açoriano Oriental
Musical no Canadá destaca riscos de perda de identidade de lusodescendentes

Uma dramaturga luso-canadiana através do teatro está a abordar os perigos dos lusodescendentes na América do Norte de "perderam a cultura", uma barreira que "atualmente já foi ultrapassada".


Autor: Lusa/AO Online

"Quando imigramos para um novo país, todos nós corremos o perigo de perdermos a nossa cultura, a própria língua, o que me aconteceu nos Estados Unidos, pois há muita pressão de fingirmos que não somos portugueses", começou por explicar à agência lusa, Elaine Ávila.

A professora de teatro do Douglas College em Vancouver, de 54 anos, cresceu na Califórnia (Estados Unidos), mas está há 30 anos no oeste do Canadá, filha de emigrantes do Pico e Faial (Açores).

O musical 'Fado - A Música mais Triste do Mundo' está em exibição na Colúmbia Britânica, até dezembro, e retrata as barreiras dos lusodescendentes quer na "língua ou na cultura".

"Atualmente vemos imensos escritores emergentes de origem portuguesa, tanto nos Estados Unidos como no Canadá. Um processo que levou vários anos até que conseguíssemos ultrapassar barreiras como a imigração, a escola, e o acesso à educação", afirmou.

A luso-canadiana diz que se inspirou em algumas histórias da comunidade portuguesa de membros da terceira idade, os "mais bonitos e impressionantes relatos" que já viu, no Centro Cultural Português de Burnaby (Vancouver).

"Coisas como alguém de 14 anos que saiu de casa e veio trabalhar para o Canadá atravessando meio oceano, ou que viram pela primeira vez neve, que foi como que flores a caírem do céu. Outros chegaram a Vancouver, não encontraram trabalho e foram para a praia", descreveu.

A peça foi reconhecida em 2018 pelo Festival Fringe de Victoria (Colúmbia Britânica) com o Prémio de Melhor Musical Favorito.

'Fado - A Música mais Triste do Mundo' retrata o amor e fantasmas nas ruas e casas de fado da antiga Lisboa. O espetáculo de teatro e de música conta a história de uma jovem mulher confrontando o passado fascista de Portugal e a sua própria identidade.

Da dramaturga Elaine Ávila e dirigido por Mercedes Bátiz-Benét, o musical conta com a fadista Sara Marreiros, que interpreta o papel do 'fantasma de Amália Rodrigues', e ainda com a participação dos os músicos e atores Natasha Napoleão, Lúcia Frangione, Judd Palmer, Pedro Siqueira, Chris Perrins e Dan Weisenberger.

A peça estará em cena em Vancouver, no Firehall Art Centre, de 21 de novembro a 14 de dezembro.


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