Autor: Lusa / AO online
"Exigimos que o concurso público seja cancelado pelos motivos que têm levado associações ambientais e grupos, durante 13 anos, a contestarem a incineração na ilha de São Miguel", declarou à agência Lusa Filipe Tavares.
O responsável pelo movimento "Salvar a ilha contra a incineração em São Miguel", que falava à margem de um encontro que visou refletir sobre o processo, que teve lugar em Ponta Delgada, disse que a unidade de incineração existente na ilha Terceira "dispensa ainda mais o que se pretende criar" na maior ilha dos Açores.
Em dezembro de 2016, a presidente da Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) disse que o organismo aprovou, por unanimidade, avançar com a construção de uma incineradora de resíduos.
Na base da pausa feita no processo de incineração na ilha de São Miguel estiveram divergências entre o socialista Ricardo Rodrigues, que preside ao município de Vila Franca do Campo, e o social-democrata que lidera a Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, entretanto ultrapassadas.
O diferendo surgiu na sequência de uma conferência sobre ambiente, acerca das soluções para tratar os resíduos, e face a uma sugestão da associação ambientalista Quercus.
Filipe Tavares considerou que este processo "não se coaduna com a projeção que os Açores têm dado para o exterior, em termos de conservação ambiental e recuperação de ecossistemas, valorização da natureza e seus produtos".
O responsável apontou também os danos do processo de incineração para a saúde pública e para o ambiente, tendo referido que existem métodos alternativos que não são poluentes e que se gostaria de ver implementados.
"As incineradoras libertam gases e cinzas volantes que são altamente cancerígenas, sendo que a região já tem uma grande incidência de cancros", vincou.
O concurso público para a construção da incineradora foi aprovado em setembro de 2014, pela Assembleia Intermunicipal, por unamidade.