Autor: Lusa / AO online
Milhares de pessoas reuniram-se durante a tarde em Madrid numa manifestação contra uma proposta de reforma da lei do aborto, uma iniciativa integrada numa intensa campanha que está a ser desenvolvida pela Igreja Católica e pela ala mais conservadora da sociedade espanhola.
O projecto-lei prevê, por exemplo, o aborto livre até às 14 semanas, a ampliação do prazo para 22 semanas se houver perigo da mãe ou o feto tiver anomalias e a permissão do aborto por jovens entre os 16 e 18 anos sem consentimento parterno.
Em Portugal, o movimento Portugal Pró Vida (PPV) convocou, tal como aconteceu noutros países, uma concentração pacífica em frente à Embaixada de Espanha, onde um pequeno grupo, incluindo espanhóis, estendeu uma faixa com a inscrição "Direito à Vida? Sim! Matadores fora!" e conversou sobre o impacto do aborto no presente e no futuro.
"O primeiro objectivo foi manifestar a nossa solidariedade com a iniciativa de Madrid e queremos também lembrar que aqui em Portugal as coisas não pararam, a causa da vida continua", disse à Lusa Luís Ribeiro, da direcção do PPV.
Segundo o responsável, a "luta pela vida" terá de passar não só por um recuo na actual legislação portuguesa, que permite a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas de gestação a pedido da mulher, como numa maior fiscalização por parte dos poderes públicos.
Luís Ribeiro afirmou que o movimento recebe relatos de "mulheres que são, nas suas próprias palavras, tratadas como gado", ultrapassagens do prazo legal para ocorrer o aborto, situações de trauma, falta de acompamento e incentivos à esterilização em situações de vulnerabilidade (inclusive "logo depois de um parto difícil").
"Chegam-nos testemunhos de muitas transgressões. Se a lei, não sendo boa, ainda estiver a ser ultrapassada, são más notícias para a vida", defendeu, sublinhando que, embora estas situações ocorram com mais frequência no privado, são uma realidade também em hospitais públicos.
Sobre a adesão à iniciativa promovida hoje em Lisboa, Luís Ribeiro disse que o objectivo de "despertar a consciência pública" é atingido sempre que se consegue reunir um grupo, por mais pequeno que seja, e chamar comunicação social.
"O objectivo principal hoje centrava-se em Madrid, esta era uma pequena manifestação solidária. O importante não é o número, mas a possibilidade de questionarmos o público, os políticos, sobre estes terrenos onde se jogam os nossos futuros, já que daqui a 15 anos a nossa situação económica, de saúde, de segurança e social será um resultado directo das decisões que tomarmos hoje", afirmou o representante.