Açoriano Oriental
Menezes acusa Governo de "não ter mão" nos directores-gerais
O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, considerou que as declarações do inspector-geral da Administração Interna sobre as forças de segurança revelam que o Governo "não tem mão" nos altos funcionários do Estado por si nomeados.

Autor: Lusa / AO online
"O Governo não tem mão nos próprios directores gerais de confiança política", acusou Luís Filipe Menezes, em entrevista ao Rádio Clube Português, num comentário às declarações do inspector-geral da Administração Interna ao semanário Expresso.

No sábado, o líder do PSD havia já dito que "o senhor ministro [da Administração Interna] devia tirar consequências da entrevista", tendo ângelo Correia exigido mesmo a demissão do inspector.

Numa entrevista publicada na edição de sábado do Expresso, o inspector-geral da Administração Interna afirma que "há muita impertinência, intolerância, impaciência da parte da polícia" no "atendimento ao cidadão", que, a seu ver, é sinal de "incompetência".

"Acho isto intolerável. E ainda mais intolerável é a atitude das chefias, de alguma tolerância face a estes comportamentos", referiu António Clemente Lima, acrescentando que "há carências absurdas" na GNR e PSP ao nível da formação em direitos fundamentais do cidadão.

O inspector-geral da Administração Interna considerou também que há "muita 'cowboyada' de filme americano na mentalidade de alguns polícias", "muito gosto na exibição da pistola" e que os "problemas mais graves" verificam-se na área de intervenção da GNR, "com perseguições policiais iniciadas por motivos inadequados".

Estas declarações, que o líder do PSD considerou que não deviam ter sido proferidas porque um alto funcionário do Estado "não deve dar entrevistas", revelam igualmente, para Luís Filipe Menezes, a falta de coordenação do executivo socialista, no interior do qual "toda a gente fala sobre tudo".

"É patente nas últimas semanas a situação de descoordenação, de navegação à vista da costa, sem objectivos", salientou líder social-democrata, escusando-se, contudo, a responder se o inspector-geral da Administração Interna deve ser demitido em consequência das suas declarações.

"Isso são questões de política politiqueira", disse apenas.

Na entrevista ao Rádio Clube Português, Luís Filipe Menezes defendeu ainda que, depois de terminada a presidência portuguesa da União Europeia, em Janeiro, o primeiro-ministro deve "reorganizar" o executivo e "repensá-lo em termos estratégicos".

"É preciso mudar de política, reorganizar, ter mão nos ministros (…), há alguma descoordenação e alguma falta de rumo. É preciso definir políticas diferentes, definir uma estratégia, porque o que há é apenas um somatório de políticas avulsas", sustentou.

Questionado sobre se entende que o primeiro-ministro deverá aproveitar o início do próximo ano para remodelar o executivo, o líder do PSD também não respondeu, considerando que se trata de uma questão da responsabilidade de José Sócrates.

"É uma matéria da responsabilidade do próprio primeiro-ministro. Não somos o ponto do primeiro-ministro. Se o fizer, cá estaremos para comentar", frisou.
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