Covid-19

Médicos responsabilizam Governo por falta de planeamento e pedem mais meios

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) responsabilizou o Ministério da Saúde, Governo e Presidente da República pela falta “inaceitável” do adequado planeamento da resposta à pandemia de Covid-19 e pediu reforço dos meios.



Em comunicado, a SMZS sublinha que vários hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo estão “em situação de rutura, sendo incapazes de assegurar o adequado atendimento de ‘doentes covid’ e ‘não covid’ em tempo útil.

Para o sindicato, a falta de meios humanos, de camas e até de oxigénio tem levado à acumulação dos doentes em maca, à porta dos hospitais e nas ambulâncias.

“O SMZS responsabiliza a ministra da Saúde, o Governo e o Presidente da República pela falta incompreensível e inaceitável do adequado planeamento da resposta a uma pandemia que dura há vários meses e em que estava anunciado o cenário de agravamento, e pelo alívio das medidas de contenção da pandemia durante as festividades da época natalícia, que está na base do elevado número de mortes e na situação de rutura dos serviços de saúde a que estamos a assistir”, afirma o sindicato.

Na nota, o Sindicato exorta o Governo a reforçar os meios de resposta à pandemia, não só nos serviços públicos, mas também requisitando a capacidade instalada dos serviços privados e do setor social.

Na sequência da situação de rutura nos hospitais, o SMZS aconselha “todos os médicos a entregarem minutas de escusa de responsabilidade para que as administrações, e o próprio Ministério da Saúde, se consciencializem dos graves erros que estão a ser cometidos na gestão da pandemia”.

O SMZS faz também um apelo aos cidadãos para que cumpram as normas e evitem o contágio de forma a que o Serviço Nacional de Saúde possa assegurar um atendimento adequado a todos os que dele precisem, sublinhando que o aumento do número de infeções tem sido responsável por graves constrangimentos no atendimento nos serviços de urgência hospitalares.

Na nota, o SMZS chama também a atenção para a crónica falta de profissionais que tem levado ao aumento do tempo de espera nas urgências e ao agravamento crítico do estado de saúde dos doentes em espera, além da falta de camas para fazer face à afluência às urgências que tem resultado na acumulação de doentes em macas e até em cadeirões.

“Com as urgências cheias, sucedem-se as filas de ambulâncias à porta de vários hospitais, onde os doentes acabam por ter de esperar várias horas, sendo necessário os médicos e enfermeiros abandonarem o serviço de urgência para prestarem cuidados nas ambulâncias, quando lhes é possível. Esta situação tem levado a indisponibilidade de ambulâncias para o transporte de doentes, covid e não covid”, adianta o sindicato.

O SMZS diz também ter conhecimento de que vários hospitais “não conseguem fornecer oxigénio com a adequada pressão aos doentes, problema que tende a agravar-se nos próximos dias”.

Devido à falta de meios, realça o SMZS, os critérios de atendimento e internamento em várias unidades “tornaram-se mais restritos, deixando de fora muitos doentes com dificuldade respiratória e com estados clínicos potencialmente em agravamento.

Toda a situação, segundo o Sindicato, é agravada pelo cancelamento de consultas e cirurgias, incluindo as oncológicas.

“Nos centros de saúde, verifica-se também uma grande dificuldade em assegurar o atendimento de doentes covid e o habitual acompanhamento de doentes não covid, com os médicos de família quase exclusivamente alocados a tarefas de rastreio de contactos e de Trace covid-19”, é referido.

O SMZS diz ainda ter tido conhecimento de que em vários hospitais estão a ser mobilizados, para o atendimento a 'doentes covid', médicos de todas as especialidades, incluindo cirurgia, ortopedia, anatomia patológica, pediatria e psiquiatria, o que aumenta a possibilidade de erro e compromete a qualidade dos cuidados prestados e chama a atenção para o estado de exaustão em que se encontram estes profissionais.


PUB

Premium

A funcionar desde outubro, a Unidade de Hospitalização Domiciliária do Hospital do Divino Espírito Santo já internou 18 doentes em casa, oferecendo cuidados de nível hospitalar no domicílio, com uma equipa multidisciplinar dedicada, menor risco de infeções e quedas, maior conforto para o doente e melhor gestão das camas hospitalares