Açoriano Oriental
Marcelo acaba o dia com meia hora de corte e costura

O Presidente da República acabou o seu primeiro dia de visita ao grupo oriental dos Açores com meia hora de corte e costura, perante o juízo crítico da senhora Emília, na ilha de Santa Maria.

Marcelo acaba o dia com meia hora de corte e costura

Autor: Lusa/AO Online


"Ó senhor Presidente, desculpe de aqui lhe dizer, mas não podia estar pior, não acha?", comentou a idosa, de 77 anos, que Marcelo Rebelo de Sousa encontrou no Recolhimento de Santa Maria Madalena.

Já de noite, nesta ilha com cerca de 5.600 habitantes, e apesar de o seu programa estar atrasado mais de uma hora, o chefe de Estado entrou nesta instituição particular de solidariedade social (IPSS) e, sem pressa, sentou-se à mesa com algumas idosas que faziam trabalhos manuais.

O Presidente da República ficou sentado mesmo em frente a Emília Melo, e pôs-se também ele a recortar um coração num tecido plástico para depois o coser a um pedaço de pano com um botão.

Ouvindo a crítica de Emília, reagiu com surpresa: "Não podia estar pior? Acha que está muito mau? Mas isto é que é uma cidadã!".

"Acho que foi um bocado injusta", acrescentou, reconhecendo, no entanto, que não é "muito bom em costura".

A idosa riu-se, e observou: "O que não é fácil também tem o seu valor".

"Eu sei, a quem o diz. Não imagina como é ser Presidente, também não é fácil", retorquiu Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado levou meia hora a tentar completar o trabalho, e precisou de ajuda, mas não se descoseu em comentários políticos.

Questionado se é mais fácil coser e descoser na política do que prender um botão, foi evasivo: "Sim, quer dizer, depende, há dias. Mas aqui está difícil, está muito difícil".

Com dificuldades na tarefa, o Presidente da República desculpou-se com a tesoura, dizendo que "já conheceu melhores dias", e logo ouviu uma resposta de Emília Melo: "E, se calhar, melhores mãozinhas, melhores dedinhos".

"Não sei se se diz isso a uma pessoa que vem de fora", contestou Marcelo. Emília insistiu: "Diz-se, diz-se, porque também a mão enfraquece, todas as nossas mãozinhas enfraquecem".

O Presidente queixou-se que não está "assim tão velhinho" e que, assim, ficava "com uns complexos".

Os dois acabaram, contudo, a dar dois beijinhos e trocar as respetivas "obras de arte", ambas autografadas, e o chefe de Estado leu ainda uns versos que Emília trouxe escritos de casa, nuns papéis com números de telefone.

"Deus nos abençoe lá do céu / Nunca gostamos de guerra - também eu não gosto / E que nos cubra com seu véu - bonito / E com o nosso Presidente cá na terra", declamou Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao fim de mais de meia hora de convívio, tirou uma fotografia de grupo e deu por terminada a visita: "Vamos embora, o senhor comandante já está nervoso".

Antes de sair, provocou gargalhadas na sala, quando disse que não podia levar os versos da senhora Emília consigo "porque está aqui o telefone da dona Ana de casa, da dona Beatriz do Canadá, não pode ser, fica sem os telefones todos".

Na ilha de Santa Maria, o Presidente da República demorou-se igualmente na Santa Casa da Misericórdia de Vila do Porto, onde esteve com idosos e crianças que frequentam as várias valências desta instituição, e assistiu a um momento artístico no Centro de Atividades Ocupacionais para pessoas com deficiência, ao som da música "Melhor de mim", cantada pela fadista Mariza.

Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se à atuação, cantarolando o refrão: "É preciso perder para depois se ganhar / E mesmo sem ver, acreditar / É a vida que segue e não espera pela gente / Cada passo que demos em frente / Caminhando sem medo de errar".


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