Açoriano Oriental
Mandato de Metsola no PE entre nota positiva e incoerência para eurodeputados portugueses

Os eurodeputados de PS, PSD e CDS-PP classificaram como positivo o primeiro ano do mandato de Roberta Metsola enquanto presidente do Parlamento Europeu (PE), enquanto PCP e BE apontaram incoerências nas posições que defendeu.

Mandato de Metsola no PE entre nota positiva e incoerência para eurodeputados portugueses

Autor: Lusa/AO Online

A sucessora de David Sassoli cumpre o primeiro ano do mandato e a quase totalidade do ano foi dominada pela guerra na Ucrânia, que começou 38 dias depois de Metsola iniciar funções.

Contudo, a revelação de um escândalo de corrupção que envolve a antiga vice-presidente do PE Eva Kaili e alguns eurodeputados revelou-se um flagelo cuja resolução vai acompanhar a presidente ao longo do seu mandato.

“O primeiro ano de mandato de Roberta Metsola como presidente do PE foi positivo e desenvolveu-se num contexto bastante difícil para a afirmação do projeto europeu”, considerou a eurodeputada socialista Maria Manuel Leitão Marques, numa resposta enviada à Lusa.

Metsola “esteve bem ao expressar o apoio do Parlamento Europeu à Ucrânia”, disse a Leitão Marques, recordando que a eurodeputada eleita por Malta chegou a visitar o país no início de abril.

Contudo, frisa, o mandato não é imaculado: “Seria importante que a presidente preste atenção a outros aspetos do funcionamento do PE que precisam de reformas".

"Por exemplo, os conflitos entre comissões, sobre a distribuição de trabalho parlamentar, que muitas vezes o atrasam vários meses. Será necessário encontrar uma solução mais rápida para resolver estes conflitos ou repensar todo o desenho das comissões e suas competências”, sublinhou a eurodeputada socialista.

O social-democrata Paulo Rangel é da mesma opinião e, em declarações à Lusa, sustentou que Roberta Metsola “desde muito cedo compreendeu a importância da agressão da Rússia” e, por essa razão, o PE esteve “na dianteira face a outras instituições europeias”.

Rangel vai mais longe nos elogios e classifica o primeiro ano de Metsola como “absolutamente exemplar e excecional”, apenas comparável, ao nível da visibilidade da instituição, com o mandato do alemão Martin Schulz – presidente do Parlamento Europeu entre 2012 e 2017.

Metsola aumentou a presença da instituição “na vida política europeia e quotidiana” e criou “uma ligação direta com os parlamentos e governos nacionais”, completou.

Em consonância com Paulo Rangel, o eurodeputado centrista Nuno Melo apelidou o primeiro ano do mandato como um “evidente sucesso”.

“Foi a primeira líder da União Europeia a deslocar-se à Ucrânia, liderando pelo exemplo, tem mantido relações próximas com os principais protagonistas políticos dos países do nosso espaço comum e internamente tem exercido o mandato sem distinção por grupos políticos”, acrescentou o também presidente do CDS-PP.

Já o bloquista José Gusmão realçou Metsola como o “rosto de uma posição muito unida do Parlamento Europeu” no que diz respeito à guerra na Ucrânia, mas apontou o dedo à presidente por “procedimentos que não estão à altura do discurso de transparência” que é defendida pela eurodeputada maltesa, nomeadamente a “nomeação de um familiar”.

A 30 de dezembro, o diário italiano Il Foglio noticiou que Roberta Metsola estava a ponderar a nomeação do cunhado, Matthew Tabone, para chefe do seu gabinete, em substituição do italiano Alessandro Chiocchetti, que em setembro de 2022 foi nomeado secretário-geral do PE – uma nomeação que por si só esteve envolta em polémico.

Contudo, a nomeação do cunhado de Metsola não se concretizou. No mesmo dia, foi anunciado que Leticia Zuleta de Realas Ansaldo iria desempenhar aquelas funções.

Já o PCP, através de João Pimenta Lopes, não poupa nas críticas a Metsola, que “muito contribuiu” para o “aprofundamento da confrontação, a escalada da guerra e o incremento da militarização” da União Europeia.

“Intervenção [de Metsola], como de resto das instituições da União Europeia, marcada pela ausência da indispensável afirmação da exigência do fim da guerra e da defesa da paz, assim como da necessidade do aumento geral de salários, o controlo de preços de bens essenciais e nos produtos energéticos, entre outras imprescindíveis respostas para fazer face aos problemas com que os povos e os trabalhadores se confrontam”, completou o eurodeputado comunista e membro da direção do partido.

O independente Francisco Guerreiro, eleito pelo PAN, mas que em 2020 deixou o partido por “divergências políticas”, avaliou “positivamente” o primeiro ano da presidente do PE, pela “proximidade com a sociedade civil”, apontando por outro lado “falta de ação preventiva para evitar casos de corrupção”.


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