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Louçã acusa Sócrates de se transformar em "promotor de negócios extraordinário" por divulgar Magalhães
"O nosso primeiro-ministro transformou-se num promotor de negócios extraordinário. Esta semana ele foi a uma cimeira internacional e foi apresentar um computador da empresa JP Sá Couto", disse o líder do Bloco de Esquerda durante uma conferência no Barreiro, Lisboa, para discutir a crise financeira internacional.

Autor: Lusa/AO online
"Eu fico satisfeito porque a JP Sá Couto não produz aspiradores nem enciclopédias, porque se fosse assim nós talvez tivéssemos a angústia ou o incómodo de ter o nosso primeiro-ministro a utilizar a atenção de presidentes dos países da América Latina para lhes vender um aspirador ou uma enciclopédia. O primeiro-ministro de Portugal não é um agente comercial", criticou Francisco Louçã, perante uma plateia que não conseguiu controlar o riso.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, fez da sua primeira intervenção na Cimeira Ibero-Americana "um momento de promoção" do computador Magalhães, presente na mesa de trabalho dos 22 Chefes de Estado e de Governo.
"Imaginam que José Sócrates alguma vez se dirigia a uma cimeira da União Europeia para apresentar um computador. Alguma vez imaginam que o primeiro-ministro de Portugal fosse a uma assembleia-geral das Nações Unidas levantar um computador e dizer que se cair não se parte porque está preparado para qualquer forma de utilização? É claro que é preciso promover as exportações, mas o primeiro-ministro não é um agente comercial de uma qualquer empresa", censurou o líder do Bloco.
Em San Salvador, Sócrates apresentou o Magalhães como sendo "o primeiro grande computador ibero-americano" dizendo mesmo que é uma "espécie de Tintim: para ser usado desde os sete aos 77 anos".
"Não há um computador mais ibero-americano do que este, desde logo porque se chama Magalhães - e não há nome mais ibero-americano do que Magalhães", disse o primeiro-ministro, acrescentando que todos os seus assessores usam diariamente o Magalhães para o seu trabalho.
Louçã criticou ainda aquilo que diz ser a ideia instalada de que "o negócio é a forma de conduzir o país", referindo-se à atribuição da concessão do Porto de Lisboa à empresa Mota-Engil, presidida pelo socialista Jorge Coelho, e também ao caso do negócio de armas que envolve o governo angolano.
"Esta ideia de que o negócio conduz a vida é uma forma de desprezar as pessoas", afirmou o dirigente bloquista.
"Eu queria um primeiro-ministro que pudesse dizer que temos uma prioridade de emprego com qualidade e mostramos aos países com quem conversamos que em Portugal se está a criar emprego em vez de se estar a criar precariedade, que se criam direitos em vez de um Código do Trabalho que promove o trabalho temporário para qualquer jovem, que há trabalho em vez de biscates para os mais novos. Isso sim dava-nos orgulho", declarou Francisco Louçã.
O líder do Bloco de Esquerda referiu-se ainda às declarações de José Sócrates durante a Cimeira Ibero-Americana, em El Salvador, para dizer que o primeiro-ministro não foi o primeiro a descobrir que existe uma crise de credibilidade ao nível das instituições internacionais.
"O que o primeiro-ministro nunca nos diz é da responsabilidade do seu governo e dos outros governos europeus numa política europeia errada, as palavras que ele não pronuncia sobre o Banco Central Europeu que impõem juros extaordinários, que tiram uma parte tão importante do salário das pessoas. Desses o primeiro-ministro não cuida. E por isso é que é preciso chamá-lo à terra, à terra das responsabilidades", defendeu Louçã.
O dirigente do Bloco sustentou ainda que o debate em torno da crise financeira é um debate sobre "a responsabilidade dos bancos, empresas, governos e instituições internacionais", e que "perante uma recessão é preciso assumir responsabilidades de mudança". 
"Temos de dizer que é tempo de uma ruptura profunda, de política económica, de responsabilidade social, de combate à pobreza", concluiu.
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