Açoriano Oriental
Jornalista nega ter tentado entrar no quarto do ministro
O jornalista que foi detido na terça-feira à noite na Horta, Açores, por alegadamente ter tentado entrar no quarto do ministro Miguel Relvas negou a acusação, frisando que acabou por dormir no mesmo hotel que o ministro.
Jornalista nega ter tentado entrar no quarto do ministro

Autor: Lusa/AO online

“Quando saí da esquadra, já corria a versão de que tinha tentado entrar no quarto do ministro, que vim atrás do ministro para a Horta, que tinha uma agenda igual à do ministro. Então, se era assim, porque me deixaram ficar neste quarto, com o ministro a dormir ao lado? Isso não faz sentido”, afirmou Nuno Ferreira, em declarações à agência Lusa, no quarto do hotel onde ocorreu o incidente que originou a detenção.

Nuno Ferreira salientou que está a realizar o projeto de atravessar os Açores a pé, tal como fez no continente, e chegou à Horta na segunda-feira, tendo escolhido o hotel por ser “mais barato cinco euros” do que outro onde tinha ficado anteriormente.

O jornalista disse que teve conhecimento de que Miguel Relvas estava no mesmo hotel durante o almoço de terça-feira, ocasião em que se dirigiu ao ministro.

“Só o vi quando ele se levantou da mesa. Levantei-me também e perguntei-lhe como é que não tinha vergonha de continuar a andar por aí. Disse-lhe que se devia demitir. Ele disse-me que não me conhecia de lado nenhum e virou costas”, afirmou.

Depois deste incidente, foi abordado por “três seguranças, dois mais pacíficos e um mais agressivo”.

“Eu perguntei-lhes se me iam bater e o mais agressivo disse que, se fosse preciso, batia-me”, relatou, acrescentando que o incidente “acabou ali”.

Nuno Ferreira contou à Lusa que decidiu, no entanto, “fazer uma brincadeira” com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e comprou uma cartolina onde escreveu ‘Bem vindo sr. dr. Miguel Relvas, Angola gosta do senhor’.

“Não queria fazer um cartaz agressivo para não ter problemas. Angola é uma referência óbvia, é o sítio para onde ele deveria ir porque tem lá muitos amigos”, afirmou o jornalista, salientando que se colocou com o cartaz no passeio oposto ao da Assembleia Legislativa dos Açores, onde decorria a posse do Governo Regional, a que assistiu Miguel Relvas.

Neste local, “não aconteceu nada”, frisou Nuno Ferreira, garantindo que não foi identificado, mas apenas abordado por um “graduado da PSP da Horta” a quem mostrou o cartaz.

“Ele disse que eu tinha o direito de me manifestar desde que não fizesse mais nada”, afirmou, acrescentando que, no final da cerimónia, o ministro saiu do parlamento, entrou no carro e foi embora.

Depois desta situação, Nuno Ferreira contou que foi ao café Peter, junto à marina, e dali seguiu para o hotel onde estava hospedado.

“Quando cheguei aqui, tinha três homens à minha espera no corredor, um dos quais era o que me tinha ameaçado bater”, afirmou, acrescentando ter dito que “apenas não queria” que lhe batessem.

“A partir daí foi o descalabro total, fui algemado, tratado como um cão e levado numa carrinha da PSP para a esquadra”, contou, salientando que foi “bem tratado” pelos agentes policiais na esquadra.

Nuno Ferreira, que afirmou não ter conhecimento das acusações que lhe são feitas, disse que se preparou para passar a noite na cela, estranhando, por isso, que o deixassem regressar ao hotel, o mesmo onde também pernoitou o ministro.

Ao princípio da tarde de hoje, o jornalista terá que comparecer no Tribunal da Horta.

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