Autor: Lusa / AO online
As obras na adega, de finais do século XIX, deverão estar concluídas no início de 2014, permitindo alargar a área produtiva de 140 para 450 metros quadrados.
Dentro de dois anos, a Herdade do Cebolal, no litoral alentejano, poderá estar a produzir mais de 100 mil garrafas de vinho (tinto, branco e rosé) por ano, com uma faturação média de 500 mil euros.
Isabel e Luís Mota Capitão, mãe e filho, à frente do projeto, adiantaram hoje à agência Lusa que este nível de produção irá exigir uma aposta na exportação, antes de estarem “completamente afogados em vinho”.
Luís Mota Capitão, de 25 anos, o enólogo residente da herdade, assume o estatuto de “pequeno produtor” e que os seus vinhos são dirigidos a “nichos”, por serem de degustação “mais difícil”.
Pouco conhecida pela produção de vinhos, a costa alentejana, onde se situa a propriedade, dá origem, pelas características do clima e do solo, bem como à proximidade do oceano Atlântico, a néctares mais ácidos e frescos e com mais taninos, explicou o enólogo.
O jovem sabe, por isso, que têm de procurar mercados mais recetivos a este “estilo” de vinho, como a Holanda, a Noruega, a Suécia e a Suíça.
Atualmente, a exportação representa cerca de 30% das vendas, tendo os vinhos da Herdade do Cebolal entrado já na Alemanha, em Angola, no Brasil e em Inglaterra (especificamente em Londres), e estando próximos de chegar aos Estados Unidos da América, à Áustria e à Bélgica.
Isabel Mota Capitão, de 62 anos, reconheceu que “é pouco” e que pretende chegar aos 50% de vendas para o exterior no espaço de dois anos.
A proprietária, que deixou a profissão de fisioterapeuta para se dedicar em exclusivo à herdade, não quer “dar um passo maior do que a perna”, por isso, no próximo ano, depois de terminadas as obras na adega, vai pedir financiamento europeu para a internacionalização.
A “aventura” vinícola da família Mota Capitão, constituída pelo casal e por quatro filhos, entre os quais Luís, começou em 2008, quando herdou a propriedade, onde já se produzia vinho há cerca de 120 anos.
Com 10 hectares de vinha, sobretudo uvas tintas, o estudo de viabilidade que realizaram concluiu que teriam de aumentar a produção para conseguirem “sobreviver”.
Começaram por aumentar a vinha, ficando com 23 hectares no total, e compraram depois novos equipamentos e construíram um armazém de produto acabado e uma casa para os adegueiros.
As obras de restauro e ampliação da adega, cuja inauguração deverá acontecer no final do inverno, encerram um capítulo de investimentos na ordem dos 1,5 milhões de euros, comparticipados em cerca de 40% por fundos comunitários.
Além do vinho, que, apesar de produzido no Alentejo, pertence ainda à região demarcada da península de Setúbal, o projeto inclui a criação de ovelhas de carne e a produção de cortiça e de mel.
Os responsáveis querem também apostar no enoturismo, promovendo provas de vinhos e jantares vínicos em parceria com restaurantes e alojamentos em espaço rural da região.
Atualmente, a atividade dá já “um grande suporte” ao negócio, pois “ajuda muito nas vendas”, “cativa” novos clientes e contribui para “fidelizar” os existentes, garantiu Isabel Mota Capitão.