Açoriano Oriental
Governo dos Açores diz que se enfrentou os danos do “Lorenzo” por causa da autonomia

O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, considerou que a região enfrentou o furacão “Lorenzo” da forma como fez pela “simples razão” de se “ter autonomia”.

Governo dos Açores diz que se enfrentou os danos do “Lorenzo” por causa da autonomia

Autor: Lusa/AO online

“Pensem, por um momento, aquilo que seria, quer na fase de preparação para enfrentar o furacão, quer agora na fase de resolver os problemas que esta tempestade trouxe, se nós, açorianos, não tivéssemos a autonomia e órgãos de governo próprio”, declarou Vasco Cordeiro.

O presidente do Governo Regional falava no parlamento regional, reunido em plenário, na Horta, no âmbito de uma interpelação do deputado do PPM/Açores, Paulo Estevão, sobre o “Lorenzo”.

A passagem do furacão "Lorenzo" nos Açores, em 02 de outubro, provocou prejuízos de cerca de 330 milhões de euros, anunciou na segunda-feira o governante.

Para o líder do executivo açoriano, é sobretudo nestas ocasiões que fica provado que a autonomia “é um sistema e um instrumento que está ao serviço dos açorianos e, sobretudo, que faz a diferença para melhor nas suas vidas”.

O governante assegurou que as decisões políticas em relação ao furação “Lorenzo” têm sido adotadas “o mais rápido possível”, mas alertou que há um “tempo técnico” a considerar.

Vasco Cordeiro disse que “o tempo da reconstrução será o tempo que, do ponto de vista técnico, será necessário levar”, tendo salvaguardado que já foram tomadas decisões por parte do executivo açoriano e que, à medida que for necessário tomar outras decisões, elas serão tomadas de “forma célere”.

O chefe do Governo Regional referiu que “há um tempo técnico, ou seja, o tempo necessário para projetar um novo porto, o tempo necessário para realizar a obra de um novo porto, o tempo necessário para projetar e realizar as obras em muitas infraestruturas portuárias afetadas na região”.

O deputado Paulo Estevão, autor da interpelação, sublinhou o facto de o Governo Regional ter apresentado na segunda-feira, “a menos de 24 horas da presente” iniciativa parlamentar, o balanço dos prejuízos causados pelo furacão "Lorenzo" e enumerou as medidas entretanto executadas e planeadas.

“O propósito é evidente: pretendeu esvaziar de conteúdo a iniciativa da representação parlamentar do PPM e da discussão que agora se inicia neste hemiciclo”, declarou o parlamentar.

Paulo Estevão afirmou que não tem “nada a opor”, sendo que o Governo Regional “apenas antecipou 24 horas o efeito" que pretendia alcançar”, sendo o seu objetivo político “catalisar, estimular a rapidez e a celeridade do processo de reconstrução e de resposta às populações”.

Para o líder do grupo parlamentar da bancada da maioria socialista, Francisco César, "é preciso falar com honestidade às pessoas sobre o processo de recuperação" deste fenómeno que considerou atípico nos Açores.

“Nós vamos fazer o que for necessário, com os meios que temos, para já, disponíveis, para minorar o impacto na vida das pessoas (…) mas, vamos ser claros, a situação que temos não é de normalidade”, concluiu.

O deputado do PSD/Açores Bruno Belo defendeu, entretanto, que devem ser procurados de “imediato” navios adequados para abastecer a ilha das Flores, devido à operacionalidade reduzida do Porto das Lajes das Flores, "profundamente danificado" pela passagem do "Lorenzo".

“Devem ser procuradas de imediato soluções de navios capazes de operar no ‘Cais -5’ do Porto das Lajes das Flores. Esses navios devem ter capacidade de transporte suficiente e efetuar carreiras regulares em função das necessidades”, afirmou o social-democrata.

O parlamentar centrista Alonso Miguel questionou o Governo dos Açores sobre se, face às alterações climáticas, em se prevê que este tipo de fenómeno “possa ocorrer cada vez com maior frequência nas ilhas, o Governo Regional tem previstas medidas de correção e adaptação a estes fenómenos”.

O deputado do Bloco de Esquerda António Lima considerou que esta interpelação “é trazida por um partido, mas deveria ter sido o próprio Governo Regional a agendar uma comunicação ao parlamento”, o que “demonstra que o Governo não valoriza o papel do parlamento”.

“É preciso, no entanto, olhar para a frente e a atenção que está a ser dada agora à resolução dos problemas tem de ter continuidade e não pode ficar enredada em processos burocráticos”, disse, para manifestar preocupação especial com o Porto das Lajes das Flores.


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