"É uma homenagem a Nemésio quando se comemoram 110 anos do seu nascimento e é uma forma de valorizarmos aquilo que é nosso", afirmou Paulo Codorniz, vereador da Cultura no executivo municipal da Praia da Vitória, realçando que "99,9 por cento" dos artistas que participam nesta edição do Outono Vivo são "gente da casa".

Paulo Codorniz disse à Lusa que, com a exceção de um espetáculo musical, todos as atividades que integram o programa do festival são protagonizadas por açorianos, desde as conferências aos lançamentos dos livros, passando pelos concertos e pelas exposições, o que também contribuiu para "um corte na despesa, em altura de contenção".

O autarca reconheceu que "muitas vezes não há uma aposta clara" nos artistas regionais, até porque, como diz a sabedoria popular, "santos de casa não fazem milagres", mas defendeu que existe cultura com qualidade no arquipélago.

"Uma dança de Carnaval é tão digna como um espetáculo de ballet", afirmou Paulo Codorniz, para quem "há um grande espírito criativo nos Açores, se calhar, fruto do isolamento", apontando Vitorino Nemésio, natural da Praia da Vitória, como "um dos grandes símbolos" desse fenómeno.

Paulo Codorniz lamentou, no entanto, que o escritor ainda não seja reconhecido nos Açores "pelo valor que tem", apesar de já ter sido considerado "como um dos maiores escritores do século XX".

O VII Festival Outono Vivo, que se prolonga até 04 de novembro, inclui uma vasta programação com espetáculos musicais, teatro infantil, workshops, exposições, conferências, debates, lançamento de livros e exibição de documentários, além de uma feira do livro, com cerca de três mil títulos.

Na sessão de abertura, que se realiza hoje à noite, Luiz Fagundes Duarte profere uma conferência intitulada "Um olhar sobre a mesa de trabalho de Vitorino Nemésio", seguindo-se um concerto com vários grupos da Praia da Vitória.