Açoriano Oriental
Exportar letras, sons e sabores açorianos é o lema da Made In Azores

Made In Azores é uma empresa de exportação online composta por três sócios/amigos que exporta produtos açorianos. Um livro, um cd e/ou uma lata de atum dos Açores cabem na mesma caixa. O destino é (quase) todo o mundo.


Autor: Tatiana Ourique / Açoriano Oriental

“Enviamos para todo o mundo, exceto para a Coreia do Norte porque eles não gostam de queijos fortes”, é a frase de apresentação da Made In Azores, MIA, de Luís Mendonça, Rogério Sousa e Susana Rosa. A loja de produtos online foi criada em 2013, por “três amigos que partilham o gosto pela gastronomia e cultura açorianas e que gostam de contribuir para a divulgação daquilo que é nosso fora do arquipélago”, adiantou Rogério Sousa. A loja encontra-se disponível no endereço www.madeinazores.eu, online desde 2014.

“Com o passar do tempo, a Made in Azores evoluiu e acabou por envolver, lado a lado com a venda online, outras componentes da cultura açoriana. Mais particularmente, as vertentes musicais e líricas, tentado dar um singelo contributo para a divulgação desta parte da cultura açoriana, com recurso às tecnologias digitais”, disse o empresário.

O canal youtube.com/madeinazores conta já com 53 vídeos, dos quais 19 são de poesia e 34 de música, com mais de 35.000 visualizações. Com atuações acústicas de Flávio Cristóvam, Sara Cruz, João da Ilha, Hélder Xavier e João Mendes, passando por Susana Félix, Kit, Bruno Walter, ou Bruno Bettencourt e Pedro Machado, o canal de Youtube do Made in Azores inclui também interpretações instrumentais de Victor Castro, José Sousa, Timothy Lima, Rui Melo e Vítor Melo, assim como declamações de poetas açorianos por Joel Neto, Mário Cabral, Alexandre Borges, Ana Lúcia Almeida, Luísa Ribeiro, Ricardo Ávila, Carlos Bessa, entre outros.

Ao mesmo tempo, conta já com 21 artigos publicados, em Português e em Inglês, na plataforma Medium.com. “Estes artigos versam sobre diversos temas e, da mesma forma que os vídeos, pretendem dar um pequeno contributo para um melhor conhecimento do estrangeiro sobre aspetos da nossa realidade insular”, referiu Rogério.

Os artigos mais lidos e partilhados do medium.com/made-in-azores são aqueles sobre a pesca de atum salto e vara, o chá nos Açores, Rafael Carvalho e a Viola da Terra, Victor Castro, Musical Açores 1977 – o Woodstock do Atlântico, entre outros.

Para além da componente da empresa, o projeto Made in Azores faz-se com o Rogério Sousa na Captação e Edição de Imagem e com alguns colaboradores externos: alguns fixos, como o João Santos (Captação e Edição de Som); e outros temporários, como a Jordana Vasconcelos (Captação de Imagem), o Rui Rocha (Webdesign e Captação e Edição de Imagem), ou o José Dutra Branco (Designer).

As parcerias são feitas de forma muito natural: “Consideramos que todos os nossos fornecedores são nossos parceiros, e, por isso, as condições de venda entre todos são muito variáveis e adaptadas à realidade de cada um. Até porque muitos dos produtos que temos à venda, como CDs, DVDs ou Livros, são o resultado do trabalho de empresários em nome individual, de microempresas ou de associações culturais. Este tipo de fornecedor é diferente dos grandes produtores e fornecedores de produtos, e nós tentamos trabalhar com ambos”.

Atualmente o leque de produtos disponível é bastante alargado “temos cerca de 450 produtos online. A nossa seleção passa, em primeiro lugar, por só vendermos produtos dos Açores, de seguida, os produtos deverão ser passíveis de serem acondicionados e enviados por correio aéreo, em caixas ou envelopes de cartão”, diz Rogério que acrescenta “também aceitamos pedidos especiais por correio eletrónico – como os alguidares de Alcatra que enviámos para a Alemanha e Holanda –, e tentamos sempre conseguir aquilo que os nossos clientes pretendem. Mesmo que não os tenhamos no site, arranjamos aquilo que os clientes solicitam e enviamos para quase todo o mundo. No nosso site, temos uma informação em jeito de brincadeira que diz que enviamos para todo o mundo, exceto para a Coreia do Norte porque eles não gostam de queijos fortes. É uma pequena graça, mas tem o seu quê de verdade”.

Desde 2014 já enviaram mais de 1760 encomendas, 1864 clientes registados na plataforma online e já exportaram para 36 países do mundo entre eles o Alasca, Israel, Austrália, China, Japão, Rússia ou Havai.

Os produtos que os clientes mais encomendam são os chás, os enlatados, vinhos, vinhos licorosos, licores e aguardentes. “Temos muitas encomendas de muitos outros produtos, em menor quantidade”.

A diversidade de contactos já proporcionou um momento bem especial que Rogério contou ao Açoriano Oriental: “O contacto aleatório com pessoas de todo o mundo traz consigo uma miríade de situações - umas mais engraçadas do que outras. No entanto, pensamos que a situação mais inusitada, mas que também nos deu um enorme gozo em resolver, teve que ver com o Robert e a Kristen, um casal de holandeses. Ele pediu-a em casamento na fajã de Santo Cristo, em São Jorge, e decidiram que o seu casamento na Holanda teria vinhos açorianos. Desde o contacto inicial, à escolha dos vinhos e ao envio, criou-se uma relação de “amizade digital” entre nós”.

Há, também, uma história especial com pronúncia francesa: “também tivemos a honra de acompanhar a criação e abertura de uma casa de chá em Paris que, desde a primeira hora, insistiu em ter todos os chás dos Açores, de tal forma que atrasaram a data de abertura para garantir que os mesmos chegavam a tempo”.

Para Rogério Sousa uma das maiores surpresas foi um artigo do Miguel Esteves Cardoso publicado no “Público” cujos primeiros parágrafos eram precisamente sobre a Made in Azores e sobre o facto de não exportarem ananases dos Açores – o que na opinião do MEC era inteligente, por serem os melhores ananases do mundo. “O engraçado é que até nem era bem verdade, porque já tínhamos tido um pedido de exportação de alguns ananases para a Alemanha. Enviámo-los verdes, com instruções de amadurecimento. De facto, não os temos online para aquisição automática, só por encomenda”.

Os produtos podem não trazer turistas aos Açores por si só, mas podem aguçar a curiosidade. “Temos consciência de que estamos a trabalhar para pessoas que já conhecem, de uma forma ou outra, os Açores. Mas também sabemos que não é sempre assim. Por exemplo, tivemos um cliente italiano que nunca tinha vindo aos Açores e que encomendou 70 latas de atum porque um amigo seu havia passado pelas ilhas e levado algumas. Segundo o cliente, os Açores têm o melhor atum enlatado do mundo. Resultado: ficou com vontade de conhecer as ilhas e veio aos Açores. Acabou por visitar a ilha de São Miguel, e por isso não nos conhecemos pessoalmente. Não obstante, o certo é que veio cá.”


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